“Quando a segunda-feira ameaça despontar, um homem é assaltado por devastadoras inquietações.

Para livrar-se de tamanho desconforto, ele tenta extirpar o dia do calendário.

A história é apenas uma entre várias narrativas de tom surrealista – alimentadas por inspirada influência de Franz Kafka – que o escritor paulista Ignácio de Loyola Brandão constrói com concisão e contundência neste seu 21º livro.

Como o Gregor Samsa de A metamorfose, de Kafka, os personagens criados por Loyola são vítimas de eventos fantásticos, aberrações que atropelam a lógica.

Um deles perde a sombra.

O outro, a mão, que cai numa caixa de correio.

Tais desastres são encarados com pouca perplexidade, desproporcional aos fatos.

Como se tudo fosse culpa da detestável segunda-feira”

Este excelente livro “O homem que odiava a segunda-feira” traz cinco relatos onde os personagens principais de cada têm em comum um ódio, um horror terminal pelas segundas-feiras.

O ódio a segunda-feira é tratado com ironia, sutileza e graça num texto super bem escrito e articulado.

O livro trata do cotidiano com a maestria de um excelente cronista.

A partir de um tema simples que é o impasse gerado em nossas mentes pela chegada da segunda-feira, ele cria narrativas breves que além de se encadear, têm em comum o apelo ao fantástico (não o programa da musiquinha de domingo rs rs rs).

Estas duas ligações tornam a leitura do livro uma experiência divertida, criativa e leve para preencher nossos momentos de relaxamento da tensão cotidiana.

Possui contos deliciosos como o da mão perdida na caixa do correio, uma narrativa brilhante e interessante sobre situações que um cidadão comum é submetido por ter que cumprir toda uma burocracia entendiante.

O sujeito perde a mão exatamente numa segunda-feira quando ao tentar colocar uma carta no correio sente sua mão separada do resto do seu corpo cair dentro do buraco da caixa de correio e depois…é melhor ler o livro para ver o que acontece rs rs rs

O conto que dá nome ao livro, o Homem que odiava a segunda-feira tem um personagem obcecado pela ideia fixa de acabar com este dia a qualquer custo e tudo faz para arrancar este dia do calendário.

Simplesmente brilhante o texto que inspirado num argumento aparentemente simples e sem apelo temático que se converte numa aula de literatura.

O personagem mobiliza pessoas, organiza manifestações públicas contra a segunda-feira

O conto do homem-sem cabeça também é bem feito e hilário , pois o sujeito por não ter cabeça não podia enxergar, portanto outro problema para ele administrar, ou arrumando um ajudante, ou um cachorro-guia, ou uma bengala branca para cegos,…

Tem o conto do mistério da formiga matutina, que gira em torno do diálogo de uma formiga com os insetos.

Este conto ensina como podemos ver o homem através do ponto de vista dos outros.

A amarração dos contos demonstra um super engenharia literária de nos fazer querer ler o livro sem parar…

Gostei do que li e recomendo dos amantes do Domingo e “odiantes” da Segunda-Feira.