Aviso Importante = Qualquer semelhança com fatos reais não é mera coincidência! Este texto termina com forte barulho de estouro provocado por um ato involuntário. O quadro ao lado é uma pintura de Rembrandt.
As crônicas aqui escritas você não encontra em nenhum outro lugar do mundo – elas são geradas dentro da minha imaginação com o grande objetivo de fazer você relaxar por alguns minutos, espantar o tédio e a rotina do dia a dia – eu quero com estas crônicas contribuir para você ser uma pessoa ainda melhor te proporcionando experiências positivas em forma de um passatempo agradável. Quero que por alguns minutos você faça uma viagem – fuja do stress e deixe sua mente fluir livremente através de textos levemente digestíveis.
No caso da crônica de hoje, como eu disse no início – qualquer semelhança com fatos reais não é mera coincidência – o que eu descrevo abaixo aconteceu de fato, tal como foi escrito – acredite, por mais incrível que isto possa parecer:
Crônica – como eu criei um personagem que foi da ideia ao sucesso em apenas 15 minutos:
Naquele dia, eu estava fazendo uma das coisas que mais adoro na vida – um tour por uma grande livraria para descobrir ideias novas que pudessem diminuir a uma estranha curiosidade que me domina e que se renova e aumenta a cada dia.
Eu sou um leitor serial incorrigível – eu não imagino como o mundo seria possível e a vida suportável se não existissem os livros.
E eu tenho um processo curioso e diferente que me coloca em contato com bons livros da forma mais impressionante possível.
Por ler muito eu já fui rotulado por amigos especialistas no ramo com um potencial escritor – todos eles, sem exceção e sem combinação prévia, me disseram que o maior pré-requisito para se tornar um grande escritor é ser antes de tudo um grande leitor. Por este ponto de vista, eu sou candidatíssimo a ser um escritor um dia na vida.
De repente, parei na cafeteria que tinha lá dentro para tomar um café.
Enquanto esperava, pratiquei o hábito mais arraigado que eu tenho na vida = puxei uma pilha de guardanapos, que eu considero as melhores folhas em branco para criar qualquer coisa e comecei a fazer as seguintes anotações:
-Escrever um livro Best-seller !
Este foi o desafio mental que me impus naquele instante de inspiração. E dali para frente eu fui sendo conduzido pela minha imaginação:
Escrever um livro que de tão bom pudesse fazer muito sucesso a ponto de figurar na lista dos mais vendidos de todos os tempos.
Pensei em escrever unindo alguns dos assuntos que eu mais gosto na vida – uma boa ficção misturando os melhores ingredientes de um romance saboroso, uma aventura policial de tirar o fôlego envolvendo crimes ligados às artes – tipo o roubo mais inteligente de todos os tempos de quadros de pintores famosos, misturando cenários de museus incríveis, paisagens das cidades mais lindas do mundo – tudo isso temperado com boas pitadas de geografia e história e presença de personagens famosos misturados aos seres humanos mais comuns.
Pronto, neste ponto eu já tinha o resumo do roteiro. Faltava imaginar um bom personagem e batizá-lo com um nome memorável e cativante.
Para ser o protagonista deste livro – eu elegi um personagem que combinava as características de alguns gênios do cinema e da literatura – por se tratar de um romance policial envolvendo cultura, decidi que o personagem deveria ser um misto de um grande agente secreto com o melhor de todos os detetives do mundo.
Como naqueles jogos de vídeo game, onde a gente tem o direito de compor o personagem ao nosso gosto, eu comecei a juntar as características do 007 com Macgyver com o Mentalist com Jason Bourne e o incrementei como cérebro e a genialidade do mais famoso de todos os detetives – o Sherlock Holmes.
Pronto – eu já tinha o resumo do roteiro com o perfil do personagem principal – faltava escolher o seu nome.
Precisava ser um nome inesquecível, marcante e que entrasse para a história e se infiltrasse na mente dos leitores.
Pensei primeiro nas iniciais do nome que eu daria para o personagem e cheguei até a combinação de três letras = J+B+H.
Explicando – todo bom agente secreto da literatura e do cinema tem seu nome começado por JB (lembra de James Bond e de Jason Bourne?) e H seria uma homenagem ao grande Dr. Holmes, o famoso Sherlock.
Só que JBH não caiu bem na pele do meu personagem e ai eu pensei em mudar o nome e tive um outro insight = Agente Detetive MaLuCo, pensando em batizar meu personagem com o apelido pelo qual sou conhecido – mas esta ideia também não foi para a frente – teria que gastar alguma tinta para explicar que MaLuCo não tem nada a ver com louco, mas com as iniciais do meu nome,…
Então pensei – porque não batizar o misto de novo agente secreto com detetive genial com o nome de Mauro Condé.
Puxa, Fantástico! Foi o que eu pensei neste instante, mas o fato de imaginar o enorme sucesso que este livro pode fazer me fez voltar ao ponto zero – eu descobri que o meu nome Mauro – é uma das palavras mais impronunciáveis para os meus amigos estrangeiros que acabam me chamando de Máro, Móro, Moro(aliás um bom nome para um personagem marcante), Muro,… eles me chamam de tudo, menos de Mauro e descobri que Condé deve estar também na lista das palavras mais impronunciáveis do mundo.
Acabei desistindo de colocar JBH, de colocar MaLuCo, de colocar Mauro Condé e resolvi globalizar o meu nome e criar uma versão universal do mesmo – para que em qualquer língua, principalmente inglês e espanhol o nome do personagem fosse facilmente reconhecido.
Finalmente cheguei ao nome que queria e que mais combinava com o meu personagem:
Agente Secreto e Detetive Mario Conde (simples assim – e sem acento).
Neste ponto eu já tinha terminado meu café e rascunhado o meu desafio mental.
Só que quando eu saia da cafeteria passei próximo à estante dos livros mais vendidos da livraria e sem querer esbarrei no livro que estava bem na pontinha – derrubando-o no chão.
Então eu me abaixei, peguei o livro e dominado pela minha curiosidade comecei a folheá-lo quando tive a seguinte descoberta lendo a sua sinopse:
“Esse é o novo livro do escritor cubano Leonardo Padura e que repete a façanha de seu outro best-seller premiado O homem que amava os cachorros ao criar uma mistura de romance histórico e romance policial, resultado de anos de investigação sobre a perseguição aos judeus. Uma nova missão para o mais famoso detetive da língua latina – o aclamado Mario Conde que tenta desvendar, quase setenta anos depois, o misterioso sumiço de um pequeno quadro de Rembrandt…”
Eu li e não acreditei no que tinha acabado de ler – aquele texto de apresentação do livro que eu tinha derrubado continha a essência da ideia e das palavras que eu tinha acabado de escrever no guardanapo como ideia para escrever um grande sucesso da literatura.
Um sonho que durou apenas 15 minutos por causa de uma destas coincidências que o destino prega na vida da gente – eu fui conhecer o grande escritor Leonardo Pandura e seu excelente detetive Mario Conde da forma mais inusitada possível, através de uma premonição literária.
Eu não me contive e acabei comprando o livro que, aliás, recomendo muito mesmo: “Hereges.”
No momento que eu estava saindo da livraria, eu ouvi um estouro muito alto, olhei para trás e descobri que era a moça do caixa espetando uma série de balões que estavam ali pendurados para comemorar a entrada daquele livro para o ranking dos mais vendidos da semana, por causa da minha compra.
Você não acha fascinante que o destino de vez em quando nos pregue peças tão deliciosas como essa?
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