COMO FUNCIONA A TERAPIA … CONTADA POR UM PACIENTE E NÃO PELO SEU MÉDICO.
Mauro Condé*
“A felicidade é uma ilusão mercadológica … Não queira ser feliz … Queira é ter uma vida interessante.” …. Contardo Calligaris
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre literatura estrangeira clássica.
Eles me levaram o ano de 1923, na cidade de Trieste, localizada hoje no nordeste da Itália, onde fui recebido por Italo Svevo, a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
-Experiência é um carro com os faróis voltados para trás … o que você é hoje vem das coisas que você não foi antes … viver do passado é estar morto … a vida é assim: viva intensamente no aqui e no agora … assuma a sua responsabilidade pela sua condição de vida, perceba que você e mais ninguém é o único responsável por tudo o que acontece na sua vida … pare de culpar os outros e seja você o autor da sua história.
Svevo, nascido em 1861, escreveu o inovador “A Consciência de Zeno”, um livraço onde ele conta as aventuras de sua terapia pela ótica do paciente e não do terapeuta.
Praticou esta ousadia na mesma época em que Freud e outros estudiosos da mente humana ainda engatinhavam com o desenvolvimento de suas teorias psicanalíticas e as despejavam aos borbotões na forma dos primeiros livros da história sobre o tema.
Quis ser diferente e inovador resolveu falar do assunto pelo outro lado da moeda, o do paciente e não o dos médicos.
Protagonista e anti-herói da sua própria história, ele detalha em seu livro com extrema tristeza e profundo bom humor a sua luta para se livrar de suas compulsões e seus vícios.
Tabagista, ele busca tratamento psicanalítico na tentativa de largar o cigarro, principalmente.
Por sugestão de seu terapeuta, Zeno começa a registrar todas as suas memórias como se estivesse tecendo uma rede de memórias numa espécie de autobiografia com fins terapêuticos.
Durante este exercício, ele narra as misérias de um homem preso por si próprio àquilo que não quer, mas que parece mais forte do que ele enquanto as sofre.
Interessante, pulsânime, neurótico, procrastinador e pouco resoluto, ele conta sua vida e seus amores em forma de reflexões metafísicas.
Sem querer, ou talvez querendo, ele disseca a natureza humana de forma inteligentemente hilária, no que é considerado o melhor romance italiano de todos os tempos.
Depois de ler esta obra de arte, você sentirá uma grande vontade de pegar uma folha em branco e descrever nela todas as lembranças daquilo que te marcou, que foi importante e especial na sua vida …
Isto é terapêutico, olhar para trás e recuperar as boas memórias e boas lembranças e sentir orgulho ao ver como a sua vida dá uma bela história.
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.
Oi Mauro adorei a dica do livro e a boa síntese que fez para instigar a leitura
Oi Shirlene muito obrigado pelo seu comentário – pode acreditar esta dica contém uma trilha para uma leitura de qualidade e repleta de aprendizados