De repente a tela se abre e uma incrível vista de Paris – da Torre Eiffel ao fundo, tendo a frente uma linda ponte sobre o Rio Sena e o protagonista olhando boquiaberto aquela imagem exclama :
Isto é Incrível ! Não existe cidade nenhuma como esta no mundo ! Enquanto isto a imagem da tela muda para a avenida Champs-Élysées, suas enormes árvores ladeando filas de pessoas à pé, de carro ou de bicicleta tendo como painel de fundo, o belo Arco do Triunfo.
Sua esposa reage ao comentário superlativo :
Ei – Você está apaixonado por uma fantasia.
E ele retruca – estou sim, estou apaixonado mas é por você.
A cena muda para um dos lindos lagos franceses, onde o casal aparece abraçado, conversando e se beijando.
Um pouco mais à frente, aparece o casal sentado em um bistrô quando avista outro casal de amigos – a esposa se entusiasma, se levanta e cumprimenta alegremente os recém-chegados, o marido se levanta meio desanimado. Eles se cumprimentam e o casal aponta para os pais da moça, que segundo ela precisou ir a Paris a negócios e eles resolveram aproveitar a carona.
O marido do casal amigo se alegra e propõe que se encontrem para passarem algum tempo juntos e celebrar aquele encontro inesperado.
-Legal ! Afirma a esposa alegre e eufórica com a ideia.
-Contrariado, seu marido lembra que eles na verdade têm muitos compromissos e a esposa arregala os olhos de surpresa.
Passado mais algum tempo, aparecem os dois casais durante um passeio cultural, onde a guia turística é ninguém mais ninguém menos do que a Italiana primeira dama da França – Carla Bruni.
O marido do segundo casal que se juntou ao casal protagonista do filme, em pose meio arrogante e querendo posar de intelectual para impressionar sua pequena platéia exclama : Se não me engano, a obra de Rodin, foi influenciada por sua esposa Camille, olhando para a estátua do pensador.
A guia turística gentilmente o corrige : Rose, é que era a sua esposa. Ele rispidamente a contradiz – Não é não ! Ele nunca foi casado com ela.
Em outra ocasião a guia turística se lembra do arrogante como o estrangeiro pedante, para delírio do marido do casal protagonista.
Já em seu quarto, o casal protagonista discute com a esposa repreendendo o marido e dizendo :
-Espero que você não seja tão anti-social amanhã.
-Ele então reage : Eu não estou tão apaixonado por aquele arrogante quanto você está.Ele é um pseudo-intelectual.
Muda cena e os dois casais aparecem numa festa bebendo vinho num terraço com a Torre Eiffel ao fundo.
O marido do casal recém chegado, continua com sua pose e exclama : Um pouco mais tânico que o de 59. Eu prefiro o gosto esfumaçado. Sua esposa neutra observa a esposa do casal protagonista suspirar e admirar a inteligência do outro.
Até esta cena Paris é mostrada com todos os seus encantos pela manhã e pela tarde e ai uma chamada avisa : Paris é muito melhor ainda à noite.
Então cenas de uma Paris maravilhosamente noturna aparecem na tela e o marido do segundo casal, tentando direcionar os encontros sugere que os 4 saiam para dançar.
Mais um motivo para atrito do casal protagonista – enquanto a esposa se alegra com a ideia o marido dá n desculpas para não ir. Não, não, não diz ele 3 vezes para o convite, enquanto sua esposa exclama gritando: SIM ! CLARO QUE SIM !
Ai a tela muda para uma Paris ainda mais incrível – a Paris de meia noite com Torre Eiffel lindamente iluminada.
De repente batem os sinos da meia noite e Gil, o marido protagonista sozinho e bêbado se depara com uma cena incrível :
Um lindo carro dos anos 20 para bem em frente dele e o convida – Ei – entre ! Venha com a gente !
Ele olha assustado, sem acreditar no que esta vendo e embarca numa viagem não só no espaço, mas também no tempo e acaba caindo dentro do cenário da Paris dos anos 20.
Lá conhece alguns dos maiores artistas de todos os tempos – escritores, pintores, cineastas, artistas famosos, cantores e acaba vivendo uma vida de fantasia plenamente, numa Paris que sempre foi a dos seus sonhos – a Paris dos anos 20.
E ai passa a viver um verdadeiro delírio mental entre a realidade e a sua enorme vontade de ser alguém importante de outra época imaginária.
Neste momento se define o divisor de águas do filme – o casal protagonista se separa toda noite, a esposa para sair com o casal de amigos e viver o que Paris tem de mais moderno e atual e o marido para viver suas aventuras dentro da Paris de antigamente.
A partir deste dia, todas as noites ele arranja uma desculpa e desaparece para se encontrar com o carro misterioso que o leva para encontros incríveis com amigos e cenários que só ele vê, mais ninguém.
Desconfiada, sua esposa passa a questionar porque ele some toda noite – fato que aguça a desconfiança também de seus sogros.
E é neste clima que Gil Pender passa a viver suas fantasias, desaparecendo à meia noite em ponto para voltar pela manhã misteriosamente, maravilhado com o que vê, ouve e vive, tendo inclusive um affair com uma das mulheres mais cobiçadas daquela época.
O filme tem nota 7,7 na opinião de mais de 280.000 pessoas que o assistiram e o avaliaram no maior site de cinema da internet – o IMDB.
Exibido em Cannes, onde abriu o festival , Woody Allen e seu filme foram aplaudidos de pé pela público – me deu vontade de fazer o mesmo quando terminei de assistir a este filme no cinema.
Conviver imaginariamente com o casal Fitzgerald, Cole Porter, Ernest Hemingway, Gertrude Stein , Pablo Picasso, Luis Buñuel, Man Ray, Josephine Baker, Salvador Dali e Adriana – a musa de todos os pintores da Paris dos anos 20 simplesmente te faz ter a sensação de sair do seu corpo durante a duração do filme.
Dirigido pelo genial Woody Allen, no que eu considero seu melhor filme de todos os tempos e protagonizado por Owen Wilson, que nos brinda com um personagem que lembra o próprio Woody Allen mais jovem, em seus jeitos, trejeitos, sotaques e caretas. Além da fotografia e das belas imagens o filme encanta pela excelente trilha sonora, regada ao melhor do estilo musical do Jazz, com participação inclusive de Cole Porter interpretado por um personagem que dá alma ao gênio da música nesta película incrível – Não tem como você não gostar – M@LuCo:)
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