“ÀS VEZES, É NA TERRA PARA A QUAL NOS MUDAMOS QUE FINCAMOS NOSSAS DEFINITIVAS RAÍZES”
Bela frase de uma refugiada que aparece no filme indicado neste post, principalmente dentro do contexto da história.
Sou um amante da boa literatura e do bom cinema, tenho um vício cada vez mais incurável por excelentes filmes e excelentes livros.
Passo muitas horas do meu tempo garimpando boas histórias e quando as encontro, fico ainda mais motivado por compartilhá-las, na esperança de contribuir para tornar as outras pessoas, pessoas ainda muito melhores do que já são.
Eu sempre adorei cinema americano e em paralelo, passei a década de 80 apaixonado pelo cinema italiano, mudei minha paixão para o cinema argentino da década de 90 e na primeira década de 2000 e atualmente ando flertando apaixonadamente com o cinema francês.
Adoro aqueles filmes brasileiros que são fora de série e fora curva, muito acima da média.
No fundo, eu adoro ler, ouvir e ver histórias muito bem contadas, utilizando-as para fazer um mergulho profundo para dentro de um mundo ficcional por algumas horas, para fugir do tédio, da monotonia, da rotina, do stress e da falta de tempo que a vida nos impõe.
Sempre volto de lá renovado e melhor. Sugiro que você faça o mesmo em seus fins de semana.
Por que relaxar é trabalhar ! O descanso formata de maneira mais produtiva a próxima semana de trabalho e de estudo.
A minha dica de cultura de hoje vai para um filme agradável :
Uma Casa à beira mar (La Villa)
França – 2017 – 12 anos – Drama
Direção: Robert Guédiguian
Elenco: Jean-Pierre Darroussin,Ariane Ascaride,Gérard Meylan
Charmoso filme francês, premiado em alguns festivais internacionais que fala sobre a vida, sobre família, relacionamentos simples e ao mesmo tempo complexos e profundos, que fala sobre a importância da solidariedade entre as pessoas em qualquer parte do tempo e da vida.
Ele é pouco maior do que um curta metragem e levemente menor do que um longa em termos de duração.
Esse filme conta a história de uma família, constituída por Maurice, o pai e seus filhos Angele, Joseph e Armand.
Cada qual vive seus momentos felizes e seus dramas pessoais e unem suas dores, suas alegrias e seus momentos mais divinos ao redor de um acontecimento triste :
Maurice, o pai, sofre um derrame e fica em estado vegetativo, sem praticamente nenhuma esperança de recuperação.
Esse trágico acontecimento exige a presença dos filhos ali para decidirem juntos o que fazer com o pai, com a casa e tudo que lhes pertence em volta dela naquela vila, extremamente bem localizada próxima a uma pacata vila de pescadores na costa mediterrânea, à beira mar, próximo à encantadora Marselha.
A história é comovente, humana e carrega um tom familiar, pois todos nós podemos nos ver na pele dos personagens em algum instante.
Um filme que mostra uma história presente que de vez em quando visita o passado para dar contexto ao que ele conta.
Conta história de novos amores inesperados, velhos amores desmanchados e principalmente uma paixão pela vida e pelo outro que raramente vemos no cinema.
Angele, se tornou uma senhora atriz e ficou ausente do local por mais de 20 anos, depois de viver um grande trauma e jurar nunca mais voltar ali.
Joseph já está aposentado e Armand trabalha como gerente do hotel e restaurante local.
Interessante a forma como o diretor cria a narrativa da história usando flashbacks aproveitando cenas dos mesmos atores em outros filmes, de maneira original e muito interessante.
Esses flashbacks sugerem uma enorme amizade entre os personagens, quando os mesmos ainda eram crianças e adolescentes, até que um flash back específico muda o fio condutor da história, sugerindo outras avaliações.
As crianças que aparecem no filme, uma menina e dois garotos guardam incrível semelhança com a história dos personagens principais do filme.
Um filme com diálogos rápidos e minimalistas e com eventos acontecendo ao redor de uma paisagem plasticamente bela, relaxante e panorâmica.
Uma história caracterizada por arcos que tanto ligam as paisagens e as arquiteturas dos locais onde ela acontece, quanto ligam de forma metafórica as diferentes épocas vividas pelos personagens.
Um filme que faz citações à melhor peça de teatro que já tive oportunidade assistir até hoje : “A Boa Alma De SetSuan” de Bertold Brecht (empatada em primeiro lugar no meu ranking pessoal de melhores peças já assistidas ao lado de “Arsênico e Alfazema” também a peça mais admirada por Bill Clinton, segundo o livro que contém sua excelente biografia.
Assistir a esse filme nos acalma e nos relaxa muito, ainda que a história apresente emoções flutuantes e densas em algum momento.
Espere por um drama bem contado, mesclado a uma pitada de bom humor e muito bom gosto visual.
Para sua pré-avaliação, informo abaixo as notas recebidos pelo filme nos melhores sites sobre cinema do mundo:
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Nota 6,5 na opinião de mais de 500 pessoas no site IMDB
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Nota 6,4 na opinião do público no site Metacritic
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Nota 7,2 na opinião do público no site Rotten Tomatoes
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Nota 7,5 em minha opinião pessoal
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Nota 7,0 na média das notas acima
Veja o trailer do filme:
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