Esta é uma das minhas pinturas favoritas, talvez porque uma réplica gigante da mesma estampava o hall de entrada da primeira escola onde eu estudei e para a qual eu olhava, de forma subliminar, todos os dias durante o longo trajeto que ligava o portão de entrada às salas de aula.
Nela, o pintor demonstra uma incrível capacidade de administrar o espaço na disposição das figuras.
Dos gestos de cada um dos ali imaginariamente presentes, como se fossem amigos numa discussão filosófica acalorada até seus trajes curiosos.
No afresco estão reunidos filósofos, matemáticos, astrônomos, cientistas da antiguidade e personagens contemporâneos do pintor, assim como humanistas e artistas.
Eu costumo ficar horas admirando este quadro e sempre que o revisito encontro algum detalhe novo que tinha me escapado anteriormente, tamanha é a beleza desta obra prima. O que mais me intriga neste quadro é composição de seus personagens que depois de alguma pesquisa consegui apurar, conforme texto abaixo – aproveitei e inseri frases de cada filósofo citado logo abaixo da sua localização – esta é uma pintura que nos faz pensar sempre – Sugiro que você tente localizar os personagens abaixo citados na pintura:
Bem no centro da composição encontram-se os dois maiores filósofos do mundo clássico: Platão e Aristóteles.
Platão, filósofo e matemático grego, fundador da Academia de Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental, traz debaixo do braço esquerdo o seu Timão, e aponta para o céu, simbolizando o mundo das ideias, o ideal, o mundo inteligível.
“Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo.”
Frase de Platão
Aristóteles, filósofo grego, aluno de Platão caminha ao lado do mestre, e carrega na mão esquerda a Ética (aí se encontram as leis da conduta moral), enquanto a mão direita encontra-se aberta, com a palma virada para o chão, representando o terrestre, o mundo sensível, a filosofia natural e empírica.
“A dúvida é o princípio da sabedoria.”
Frase de Aristóteles
Pitágoras, filósofo e matemático grego, encontra-se sentado no canto inferior esquerdo, onde demonstra um de seus enunciados. Um dos assistentes segura uma lousa, onde se encontram alguns símbolos musicais. Também representa a música.
“Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.”
Pitágoras
Zoroastro (ou Estrabão), profeta persa, ergue uma esfera celeste.
Epicuro, filósofo grego, que ensinava que a felicidade consiste em buscar os prazeres da mente, encontra-se no primeiro plano, na extrema esquerda, coroado com folhas de videira.
“Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.”
Epicuro
Euclides (ou Arquimedes), matemático grego e aluno de Sócrates, expõe seus princípios geométricos usando um compasso. Encontra-se rodeado por um grupo de estudantes, possivelmente.
“Dai-me um ponto de apoio e levantarei o mundo.”
Arquimedes
Heráclito, filósofo melancólico, que derramava lágrimas pela tolice humana, está sentado num degrau em primeiro plano, tem o braço esquerdo apoiado num bloco de mármore, numa atitude de extrema tristeza.
“Nada é permanente, exceto a mudança.”
Heráclito
Alexandre, o Grande (ou Alcebíades), o mais célebre conquistador do mundo antigo, ouve Sócrates com atenção. Traz um elmo sobre a cabeça, e tem a mão esquerda na espada. Alexandre foi o mais célebre conquistador do mundo antigo.
“Nada é impossível para aquele que persiste”
Alexandre o Grande
Sócrates, um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental, enumera pontos específicos com os dedos. Questionar e analisar são a essência da filosofia socrática.
“Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.”
Sócrates
Diógenes, filósofo cínico, que odiava as posses materiais e vivia num barril, encontra-se espalhado nos degraus da escada, na parte central da composição.
“Se o corpo chamasse a alma perante a justiça, ele a convenceria facilmente de má administração.”
Diógenes
Zenão de Cítio (ou Zenão de Eleia), filósofo fundador da escola filosófica estoica, carrega uma criança nos braços, enquanto ouve atentamente Epicuro.
“A natureza deu-nos duas orelhas e uma só boca para nos advertir de que se impõe mais ouvir do que falar.”
Zenão
Ptolomeu, astrônomo e geógrafo, achava que a Terra era o centro do universo. Traz nas mãos o globo terrestre.
“Para explicar os fenômenos parta da hipótese mais simples possível”
Ptolomeu
Frederico II, duque de Mântua, encontra-se abaixo de Epicuro e só seu rosto é visível.
“Conhecer o país onde se fará a guerra é a base de toda a estratégia.”
Frederico II
Anício Mânlio Torquato Severino Boécio (ou Anaximandro ou Empédocles), filósofo, estadista e teólogo romano, encontra-se à direita de Pitágoras.
Antístenes (ou Xenofonte), com seu manto marrom, encontra-se entre Alexandre e Sócrates.
“Interrogar é ensinar.”
― Xenofonte
Ésquines (ou Xenofonte) usa um manto azul, e encontra-se ao lado de Sócrates.
Parménides, fundador da escola eleática, tem o pé esquerdo sobre um bloco de mármore e faz anotações.
“Não importa por onde eu comecei, pois para lá eu voltarei sempre.”
Frase de Parmênides
Averróis, um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles, curva-se ligeiramente, para ver a demonstração de Pitágoras.
“Quem conhecer melhor a anatomia e fisiologia humana, vai aumentar sua fé em Deus.”
Frase de Averróis.
Protógenes, pintor da Grécia antiga, usa um manto branco, e encontra-se ao lado de Rafael.
Plotino usa um manto vermelho e encontra-se atrás da esfera celeste de Zoroastro.
Apolo, o deus da razão, encontra-se no nicho da esquerda, segurando uma lira. Representa o esclarecimento filosófico e o poder da razão.
Minerva, a deusa da sabedoria, encontra-se no nicho à direita. É a protetora tradicional das instituições devotadas à busca do saber e das realizações artísticas.
É graças a ela que usamos o termo “Voto de Minerva”. Segundo a mitologia grega, Orestes matou a mãe e o amante dela para vingar a morte do pai. Ao ser julgado por 12 cidadãos, houve empate e Atena ou Minerva, que presidia o júri, proferiu o voto de desempate a favor de Orestes. Neste momento, o voto de desempate passou a ser conhecido como Voto de Minerva.
A cultura e as artes nos ensinam mais do que aquilo que podemos ver – elas expandem nosso potencial e nossa capacidade – por isso, busque beber um pouco da água na fonte da Cultura, a fim de absorver um pouco mais de sabedoria para viver cada vez melhor.
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