Artigo para publicação nos jornais de hoje.
Mauro Condé*
“Um pessimista é um otimista com experiência.” Meyer-Clason
Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre literatura brasileira.
Eles me levaram para Araraquara, interior de São Paulo, onde fui recebido pelo escritor Ignácio de Loyola Brandão, a quem fui logo pedindo:
Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
Membro da Academia Brasileira de Letras e vencedor de vários prêmios, Loyola é um dos maiores escritores de língua portuguesa de todos os tempos.
Entre seus livros mais famosos está “Não Verás País Nenhum”, de 1981, escrito de forma incrivelmente premonitória.
Nesse livro, Loyola chegou ao ponto de “prever” uma figura que lembraria os fatos ocorridos com Bolsonaro, décadas antes.
Conta a história fictícia de um capitão que lidera um país, onde as milícias se fazem presentes e que carrega parte do intestino numa bolsa atada à cintura.
Além disso, imagina uma Amazônia devastada, desmatada, virando um deserto, onde não há água potável e cientistas são perseguidos pelos seus conhecimentos.
Questionado se tem bola de cristal, ele rebate : “A realidade foi me copiando”
Outro de seus excelentes livros que eu li e recomendo é “O Homem Que Odiava A Segunda-Feira”.
Ignácio reúne uma série de contos cujo tema principal é o ódio mortal e comum dos personagens pela segunda-feira.
Eles chegam a tal ponto de neurose, que tentam extirpar o dia do calendário.
Excelente engenharia literária, onde ele consegue nos proporcionar uma experiência positiva e divertida transformando a segunda-feira num inimigo feroz, de forma criativa e leve.
Seus textos são carregados de muita inteligência, ironia, sutileza e são super bem escritos e articulados.
Para ele, o ato de escrever pode ser resumido numa frase que diz ter emoldurada:
“Cabe a um escritor acender uma luz diante da escuridão. Se não tiver uma luz, acender uma lanterna. Se não tiver uma lanterna, acender uma vela. Se não tiver uma vela, acender um fósforo”.
Bela descrição para o papel do escritor, um ser iluminado que com sua luz própria ilumina e enriquece o nosso conteúdo e nos torna um pouco mais sábios a cada novo dia.
Leia, leia muito, porque ler é uma das atividades mais prazerosas de toda a vida.
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.
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