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O ladrão de obras de arte que usava lixo para chamar a atenção

“Die Liebe höret nimmer auf”: “O Amor nunca morre” – A incrível história do ladrão de obras de arte que usava lixo e cemitérios para chamar a atenção. – Uma crônica que conta uma história que escrevi a partir de um rabisco em um guardanapo de restaurante.

Um desafio mental pessoal de inventar e contar uma história interessante a partir de uma ideia relâmpago caída – do nada – num pedaço de guardanapo.

O ladrão de obras de arte que usava lixo para chamar a atenção

Naquela tarde, Sinclair estava almoçando sozinho num restaurante elegante de um bairro nobre daquela grande cidade. Em função do horário, o restaurante já estava quase vazio e Sinclair se distinguia dos demais presentes pela sua elegância, seu terno preto Armani com um perfeito corte inglês, sua camisa impecavelmente branca e sua gravata e suspensórios pretos e seus sapatos italianos de couro legítimo. Ele comia um delicioso peixe com legumes grelhados e degustava um excelente vinho. Sentado bem em frente à uma grande janela do restaurante, ele podia, ao mesmo tempo, ver o movimento daquela rua florida e arborizada contrastando com o jeito nervoso e apressado dos carros e das pessoas. De repente, ele viu a porta do restaurante se abrir abruptamente e por ela entrar um sujeito praticamente camuflado com roupas, sapatos, luvas, gorro e um máscara preta empunhando uma arma e gritando para todos não se mexerem. Imediatamente Sinclair soltou seu smartphone sobre a mesa, levantou as mãos e ficou observando o que aconteceria logo depois. Dois soldados uniformizados entram logo em seguida, correndo atrás do tal sujeito armado. Num gesto muito rápido, o bandido se aproximou de Sinclair, aplicou-lhe uma gravata e colocou a arma apontada para a sua cabeça e o usou para ameaçar os guardas, caso eles tentassem se aproximar. Exigiu que os soldados colocassem suas armas sobre a mesa onde estava Sinclair, escondeu as armas dentro dos bolsos de sua calça e pediu para que o garçom trancasse os dois soldados dentro do banheiro e lhe entregasse a chave. Neste momento, soltou o pescoço de Sinclair, tirou uma das luvas e tentou usar o Smartphone que estava em cima da mesa – vendo que estava travado por uma senha, desistiu da ideia, largou o Smartphone de Sinclair sobre a mesa e saiu correndo pela porta, entrando em um táxi que estava parado na porta do restaurante – fazendo-o sair voando dali. Naquele momento Sinclair se levantou e junto com o garçom conseguiram arrombar a porta do banheiro onde estavam os soldados que tentaram se comunicar com a central de polícia na tentativa de deter o bandido, mas sem sucesso. Então, depois de um rápido diálogo, Sinclair ouviu dos policiais que aquele era um tipo de bandido diferente e intrigante, cuja finalidade era roubar obras de arte caras e valiosas em museus e escondê-las de uma forma incrivelmente engenhosa de forma que, desde que ele começou a atuar, mais de 10 quadros valiosos tinham sido roubados e nenhum deles tinha sido recuperado e nem o bandido capturado, sendo aquela a vez em que chegaram mais perto dele. Sinclair, com a concordância dos policiais, se propôs a ajudar a polícia na captura do bandido e começou a ajuda através do seu próprio celular. Como o bandido tinha tirado as luvas e tentando usar o telefone sem sucesso, Sinclair ativou um teclado virtual inteligente projetando com raios laser sobre a mesa do restaurante um teclado avermelhado, o qual usou para digitar a senha de acesso e localizar um programa que ele conhecia de reconhecimento de impressões digitais e foi logo tratando de tentar descobrir de quem seriam as impressões deixadas no visor do telefone. Depois de alguns segundos, apareceu no sistema o nome e a foto de um sujeito formado em física nuclear, ex- soldado do exército em missões internacionais e com um currículo acadêmico de fazer inveja. De posse daquelas informações Sinclair conseguiu localizar o endereço do Facebook do bandido e viu pelas fotos que ele tinha um gosto refinado e muito erudito – seus posts eram cheios de frases filosóficas profundas, cheios de citações de escritores famosos e de referência a obras de arte, revelando o seu forte gosto por pinturas. Sinclair chamou a atenção dos policiais para um dos últimos posts daquele bandido altamente intelectual, onde ele tinha publicado uma foto do túmulo do pai de Friedrich Nietzsche, o grande filósofo alemão e um dos maiores filósofos de todos os tempos. Ele editou a foto de forma a circular uma expressão que tinha no final da homenagem que Nietzsche tinha feito para seu pai através das seguintes palavras em alemão :

Crônica: O ladrão de obras de arte que usava lixo para chamar a atenção
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 “Die Liebe höret nimmer auf”

cuja tradução é:

“O Amor nunca morre”.

Sinclair disse que o filósofo retirou aquela frase do Novo Testamento e que aquilo poderia significar uma pista. Em seguida Sinclair acessou o aplicativo Foursquare, uma rede geossocial e de microblogging que permite ao utilizador indicar onde se encontra, e procurar por contatos seus que estejam próximo desse local. Através de pistas deduzidas do próprio Facebook do bandido, Sinclair conseguiu localizar os lugares favoritos do mesmo, os que ele mais frequentava e os últimos onde tinha ido. Tudo porque o ladrão de obras de arte não tomou o cuidado de mudar as configurações de segurança de seu computador e smartphone, tornando-o uma pessoa pública e rastreável, desprovido de privacidade. Sinclair então usou um outro programa que unia uma espécie de folha de rascunho digital e que permitia traçar o roteiro dos lugares por onde o bandido tinha estado em cima do mapa da cidade e ele descobriu uma coisa interessante – o bandido seguia uma rota pré-definida e ela tinha um formato de estrela entrelaçada – onde ele começava numa ponta da cidade e mudava de local de maneira não lógica e estruturada para confundir uma eventual perseguição policial. Mas o programa que Sinclair usou detectou um padrão e por este padrão Sinclair conseguiu estimar quais teriam sido os últimos lugares frequentados por aquele bandido, ladrão de obras de arte. Então ele descobriu por aquela rápida investigação que o bandido tinha estado em dois museus recentemente(de onde havia roubado alguns dos quadros valiosos) e que logo depois dos seus roubos (pelos dados informados pelos policiais de data e hora dos mesmos) – o bandido sempre procurava se refugiar em bibliotecas, livrarias e até em cinemas, onde pelo tempo em que permanecia ele devia abastecer sua curiosidade intelectual. Após um dos últimos roubos, Sinclair deduziu que o bandido precisou abastecer seu carro e descobriu que ele usava sempre o mesmo posto de gasolina(por dedução da análise do traçado do mesmo que ele deduziu através dos hábitos informados pelo aplicativo de geolocalização). Intrigados, os policiais permaneceram juntos a Sinclair naquela mesa de restaurante, tentando descobrir algo que pudesse levá-los à captura do bandido. Uma vez detectado o posto de gasolina onde o bandido sempre abastecia seu carro, depois dos roubos, Sinclair conseguiu localizar e acessar, através do recurso do Google Imagens, algumas fotos registradas por meio de uma Web Cam pública, colocada ao lado daquele posto de gasolina. O que chamou a atenção de todos foi que em todas as fotos tiradas de dias diferentes era possível ver o bandido depositando o que parecia grandes e finas caixas de madeira dentro de uma caçamba de lixo gigante exatamente na hora em que passava o caminhão de lixo e que estas eram recolhidas sempre pela mesma pessoa – uma mulher loirinha, com uniforme de gari e rosto tampado por um boné laranja maior do que o seu rosto, que saia carregando aquelas caixas e as colocava de forma cuidadosa dentro do caminhão de lixo, num lugar reservado atrás do compartimento para coleta e mistura do lixo recolhido pelas ruas. Aquilo podia ser outra pista, exclamou Sinclair aos policiais que após comunicação com a Central de Polícia descobriram que não existia nenhuma gari mulher no raio de 150 km. do endereço do posto. Foi quando Sinclair teve a estranha ideia de pesquisar sobre aquela frase em alemão (“Die Liebe höret nimmer auf” = “O Amor nunca morre” ) que o bandido havia colocado em sua página no Facebook e descobriu que em um dos cemitérios da cidade, existia uma réplica de um velho e famoso cemitério alemão e que lá havia uma grande pedra de mármore com as mesmas inscrições e que este cemitério localizava-se a três quadras daquele posto de gasolina. Neste instante, os policiais que ainda estavam com Sinclair no restaurante, receberam pelo rádio um aviso de que outro roubo, desta vez do quadro mais valioso das obras de arte que estavam em exposição na cidade, emprestadas por um famoso museu europeu – tinha acabado de acontecer e que eles precisavam se juntar aos outros policiais para a tentativa de captura do ousado bandido. Sinclair acabou indo junto na viatura policial e sugeriu aos guardas que fossem diretamente para o posto de gasolina, onde realmente avistaram um sujeito, com o perfil dos dados que colheram do bandido pela internet, colocando uma grande caixa de madeira com bastante cuidado dentro da caçamba de lixo. Eles decidiram ficar por ali, para ver o que acontecia depois – o bandido entrou em seu carro e seguiu um outra rota (desta vez seguido de longe por outros policiais à paisana que tinham sido informados sobre o suspeito). Sinclair e aqueles dois policiais que tinham ficado trancados no banheiro do restaurante então avistaram a chegada do caminhão de lixo e viram a mesma loira carregar a caixa de madeira e seguir o ritual que eles tinham visto nas fotos do Google Imagens – resolveram seguir o caminhão de lixo e viram que ele estranhamente se dirigiu para o interior daquele cemitério – réplica do cemitério alemão – e que o caminhão parou exatamente em frente à placa de mármore que continha a frase em alemão, onde dois sujeitos com cara e jeito de coveiros abriram o túmulo que estava bem em frente e depositaram a caixa de madeira. Neste instante, os policiais desceram e deram ordem de prisão ao motorista do caminhão de lixo, aos dois “coveiros” e para a loira uniformizada de gari. E descobriram não só o plano dos ladrões de obras de arte, como avistaram todos os quadros roubados cuidadosamente empilhados um em cima do outro dentro daquele túmulo pouco suspeito. Foi quando Sinclair tomou um dos maiores choques de sua vida : No momento em que a loira estava sendo algemada, os policiais viram que ela na verdade usava uma peruca e que ela uma mulher clara, de cabelos escuros. Quando ela se virou para Sinclair, ele descobriu que se tratava de Suzi, sua antiga namorada, uma jovem muito rica e acostumada a ter tudo o que queria na vida. Ela tinha armado aquele esquema engenhoso, contratado um esquadrão de elite e planejado a invasão do restaurante onde ele estava almoçando para chamar a sua atenção. Ela achava que ele tinha terminando o namoro porque não a achava uma mulher interessante e inteligente e ela queria provar para ele que era simplesmente a mulher mais inteligente do mundo, armando um roubo quase perfeito (que o envolvesse de algum jeito) para mostrar para ele o seu potencial intelectual. Antes de ser levada presa, ela se aproximou de Sinclair, lhe deu um beijo no rosto e sussurrou no seu ouvido : “Die Liebe höret nimmer auf” = “O Amor nunca morre”

O que você achou da história do ladrão de obras de arte que usava lixo para chamar a atenção? Deixe seu comentário!

About Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3589 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
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