“O MUNDO É MÁGICO – AS PESSOAS NÃO MORREM, FICAM ENCANTADAS”
Frase dita por Guimarães Rosa, aos 16 anos, durante o velório de um jovem amigo e repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Para ilustrar este post eu escolhi a obra de arte – o quadro – óleo sobre tela “Composição VIII” do magnífico pintor russo W.Kandinsky – metaforicamente ela me lembra a passagem do tempo, a passagem da vida que passa como a poeira no deserto, passa e não volta nunca mais.
A tragédia do acidente com o time de futebol da Chapecoense nos lembrou que a morte nos espera a todos um dia.
Como lidar com ela?
É uma pergunta que todo ser humano deve se fazer diariamente.
Ela me fez lembrar uma peça de teatro que assisti onde o ator se encontrava imaginariamente com a morte e fazia a seguinte pergunta para ela : “Quanto tempo de vida eu tenho?”
A resposta não foi dada em dias, mas sim numa linda mensagem para que as pessoas pudessem valorizar mais cada segundo da vida substituindo o medo que todos temos de morrer por uma imensa consciência e vontade de viver.
Para mim foi uma surpresa – ver, de forma teatralizada, a morte nos incentivar a curtir intensamente a vida de forma a entender o valor das adversidades e de forma a acumular o máximo de aprendizado, o máximo de bons momentos possíveis e nos lembrar que, ao final, o valor da nossa vida será medido pela nossa capacidade de ter feito os outros com quem convivemos pessoas melhores por causa da nossa existência.
Repito abaixo um texto e um vídeo que publiquei recentemente para nos ajudar a refletir sobre o valor da vida :
Outro dia ouvi o publicitário Marcello Serpa falar sobre sua emocionante despedida da agência Almap, uma grande agência de publicidade onde ele fez história.
Aos 53 anos ele largou tudo para viver a vida sobre as ondas no Havaí e curtir um período sabático.
A decisão foi inspirada num conto de Tolstoi que ele leu aos 30 anos.
Ele afirmou que depois de ler o conto teve uma epifania – uma visão de que quando chegasse na casa dos 50 ele pararia para pensar. Não queria seguir correndo freneticamente sem saber o motivo.
Nesse dia dos mortos, eu decidi publicar uma versão deste conto de Tolstoi escrito em 1880 para que você entenda o motivo da decisão de Serpa e pare pra pensar um pouquinho também na sua vida :
“De quanta terra precisa um homem” – Tolstoi
Era uma vez um fazendeiro que tinha um pequeno pedaço de terra na Rússia e que vivia muito bem com a sua esposa.
De repente, num belo dia, ele recebeu a visita do Diabo em sua casa, que tentou convencê-lo a ser uma pessoa gananciosa e muito ambiciosa.
O Diabo lançou a ideia dele ser mais ambicioso na vida e buscar acumular o máximo de bens, riqueza e terras possível.
Alegando que não estavam interessados e que eram felizes com o pouco que tinham, o fazendeiro e a mulher dispensaram o Diabo.
Este por sua vez, se sentindo desafiado em transformar aquele homem simples, honesto, íntegro e totalmente família num homem ganancioso e muito ambicioso, arquitetou um plano.
O Diabo apareceu disfarçado de comerciante de terras na casa do Fazendeiro e usando um poder de persuasão incrível convenceu o Fazendeiro a se transformar num homem ganancioso e sedento por mais riquezas, mais bens e mais terras.
O Diabo tanto fez que convenceu o fazendeiro a comprar primeiro as terras de seu vizinho e depois as terras dos moradores mais próximos, sempre levando alguma vantagem adicional, até se tornar o maior dono de terras da região.
Tal mudança de comportamento afastou o fazendeiro de sua fiel esposa de longa data e praticamente acabou com seu relacionamento, pois a esposa não aceitava tanta ambição descabida.
Impressionado com a sua façanha e querendo testar ainda mais o fazendeiro, o Diabo apareceu para ele disfarçado de um Grande Chefe da Tribo Na Sibéria e o convenceu a expandir suas terras indo para lá.
Vá para a Sibéria, escolha a partir de um ponto e comece a demarcar o máximo de terras que conseguir – todas que você marcar, passarão a ser suas – mas só que tem uma condição :
– Você precisará voltar impreterivelmente antes do por do sol, sob pena de nada valer a pena.
Ansioso, esfregando as mãos e com os olhos arregalados, o fazendeiro foi para a Sibéria, escolheu um ponto e começou a demarcar as terras, que automaticamente passavam a ser suas como prometeu o Grande Chefe Das Tribos de Lá.
Só que deu meio dia (hora limite para o fazendeiro inciar o seu retorno – para chegar antes do por do sol) e ele munido de sua grande ambição e ganância continuou um pouco mais dizendo – “Eu consigo”.
Depois de perder muito tempo marcando mais terras, ele resolveu voltar e para recuperar o tempo perdido, resolveu voltar correndo, desesperado feito um condenado – correu, correu, correu, correu, correu como nunca na vida e vendo que não chegaria a tempo, resolveu escalar um pequeno morro para tentar achar alguma saída.
Quando chegou lá no topo, ele encontrou com o Diabo, disfarçado de grande chefe da tribo da Sibéria – então ele tentou falar, mas ao mesmo tempo, sentiu uma dor no peito, teve um infarto fulminante e caiu morto sobre a neve.
Diante dele, o Diabo balançou a cabeça, deu um sorrisinho e exclamou :
-Estes Humanos, não tomam jeito !
-Para que querer acumular tanta terra se no final eles só ficam com um espaço de pouco mais de 2m de comprimento?
Este post é dedicado a todos os profissionais do time de futebol da Chapecoense e profissionais da imprensa, entre outros, que faleceram numa tragédia que me deixou super consternado.
A Morte deles acabou tocando o mundo inteiro para a necessidade de maior valor à Vida.
Para encerrar este post escolhi um vídeo da Geriatra Dra. Ana Cláudia Quintana, que por coincidência começa com a pergunta : “Quanto tempo de vida eu tenho?”
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