Opinião – Texto publicado nos jornais de / 12/06/2018 –
Acabo de voltar de uma excelente viagem rumo ao conhecimento. O meio de transporte que usei foi um livro velho, mas muito bem escrito.
Ele me levou à Alemanha do século XIX, no ano de 1854, onde caí na casa de um filósofo considerado uma das maiores inteligências.
Lá dentro, me esperava para um bate-papo e para tomar um café o famoso Arthur Schopenhauer.
Assim que fomos apresentados, eu fui logo pedindo:
Por favor, me ensine algo que ainda não sei e que tenha poder de mudar a minha vida para melhor.
Schopenhauer deu um breve sorriso e me respondeu: – Olha, meu rapaz, você chegou na hora certa.
Acabo de publicar alguns escritos que estão dando o que falar pelo mundo, nesse final do século XIX.
Até hoje, a crença dos filósofos que me antecederam é a que o ser humano era movido à pura razão.
Sempre discordei dessa tese e durante anos observei as maiores dores e sofrimentos humanos na busca de uma estratégia que nos ajude a não afundar psicologicamente.
Cheguei então à conclusão de que nós somos movidos não pelo poder da nossa razão, mas sim pelo poder da nossa vontade (uma força cega e destrutível quando nos leva a desejar o que não podemos).
Descobri que grande parte do pensamento humano não é intencional, ele simplesmente acontece, o que dá origem à maioria das vontades que nos aprisionam tanto na vida.
Somos dominados por um querer involuntário. A vontade gera ímpetos, gera desejos que em sua maioria geram nossos maiores sofrimentos.
A vontade nos escraviza, nos prende como ratos de laboratório numa roda giratória a qual estamos condenados a girar eternamente – desejando uma coisa atrás da outra até que a satisfação desse desejo vire tédio e precisemos seguir para o próximo “eu quero” num eterno sofrimento.
O problema é que o desejo nunca acaba.
Seria preciso achar uma forma de pular para fora dessa roda da vontade para não sofrermos tanto.
Para fazer isso sugiro que as pessoas procurem conhecer as vontades que assaltam as mentes e aprendam a dominá-las ao invés de serem dominados por elas buscando reduzir os seus sofrimentos.
O cultivo das artes é um bom paliativo para o domínio das vontades.
Leia Schopenhauer para se conectar com os atalhos do autoconhecimento.
*Palestrante, consultor e fundador do Blog do Maluco
Detalhe importante – eu aprendi com um grande pensador, o Dr.Roberto Assis, que talvez o que está por trás e manda nessa vontade chama-se desejo, que para Freud é o Inconsciente.
Descobri que reconhecer as vontades e os desejos que nos dominam e fazer um plano para controlá-los, nos casos mais prejudiciais, eliminá-los pode ser um grande caminho para a felicidade plena.
Para encerrar esse post com mais inspiração ainda, deixo você com a indicação de 03 obras de arte :
1-Visual
Aprecie o quadro, a obra de arte :
Pintura Varal de Mondrian. Farmhouse with wash on the line (1897) – Oil on cardboard
Dizem os especialistas que o Pintor Mondrian demonstrava em sua estética contemplativa afinidades com a metafísica do Belo de Schopenhauer, principalmente as características de abstração e contemplação.
2-Literária
Leia a obra “O Mundo como vontade e representação” de Schopenhauer
3-Musical –
Comentário 1 :
Consta que o compositor de música clássica Richard Wagner reconheceu a indelével influência que Schopenhauer teve em todo o seu percurso musical, em especial na redação de “Tristão e Isolda” (1857-59), onde o incessante intento do protagonista de se libertar dos desejos de amor e prazer é patente durante o desenrolar da composição musical.
Comentário 2 :
Ouça a música : Vontade – de Paulinho Moska
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