“Liberte sua mente da influência alheia.”
O que Goethe aprendeu com Espinosa
Oi – Que livros você anda lendo?
Quer uma dica de um livro que li recentemente e recomendo fortemente caso você goste e se interesse por histórias que costurem com maestria e ao mesmo tempo cultura, artes, história, geografia, filosofia e psicologia.
Eu falo do livro “O Enigma de Espinosa” escrito pelo Dr. Irvin Yalom, um dos meus autores preferidos da atualidade.
O autor é um gênio que escreveu um livro sobre outro gênio (Espinosa, um filósofo que inspirou a criação da psicologia) e coincidentemente a pessoa que me deu este livro de presente é também um gênio, precoce, muito culto e inteligente.
O livro é muito envolvente, é esclarecedor, provoca nossa inteligência e além de tudo é muito gratificante.
Em O Enigma de Espinosa, o autor relata uma história inesquecível. Por ser ele, um psiquiatra famoso e renomado e uma pessoa muito erudita ele conseguiu criar uma obra inesquecível.
A história alterna relatos da vida de dois personagens históricos – um dos maiores pensadores e filósofos de todos os tempos, que viveu no século XVII, Baruch Espinosa e o ideólogo nazista Alfred Rosenberg, que era um dos mentores de Hitler durante a segunda Guerra Mundial.
Quando um jovem de apenas 16 anos, chamado Alfred Rosenberg, é castigado pelo diretor e um de seus professores no Liceu por causa de seus comentários e discursos antissemitas, ele é obrigado a estudar passagens sobre Espinosa.
Rosenberg fica maravilhado ao descobrir que Goethe e Einstein, dois gênios que ele admirava eram fãs e grande admiradores do filósofo holandês filho de pais portugueses, Bento(ou Baruch) Espinosa, um super judeu.
Com o passar dos anos, o destino apresenta Rosenberg a Hitler do qual se torna amigo, fiel escudeiro e um dos principais ideólogos nazistas, destacado pelo mesmo para comandar um grande jornal alemão da época e para ser um dos principais responsáveis pela política racista do Terceiro Reich.
O que acontece é que sua obsessão por Espinosa, desde a adolescência o afeta fortemente durante a sua maturidade, sempre intrigado pelo fato de que o grande gênio alemão que ele admirava, Goethe, ter revelado que Espinosa foi seu mentor e inspirador intelectual.
Como poderia Goehte ter se inspirado em alguém oriundo de “uma raça inferior”?, se perguntava o tempo todo Alfred. Como podia alguém tão superior e tão inteligente ser um representante da raça que ele atacava e pretendia destruir?
Por causa deste questionamento, Alfred passou a nutrir um interesse misterioso e intrigante pelos livros daquele pensador judeu que ele odiava por causa da raça, mas admirava por causa da super inteligência.
O autor, Dr. Irvin Yalon conta esta história intercalando passagens da vida de Espinosa e de Alfred Rosenberg, num intervalo de tempo de trezentos anos.
Usando seus sábios conhecimentos sobre psicologia e terapia para analisar a mente destes dois sujeitos:
Um gênio desajeitado e com dificuldades para se adaptar a uma sociedade onde as pessoas obedeciam regras, sem estudar e sem pensar por conta própria e principalmente sem questionar os medos, as superstições e os dogmas que principalmente os religiosos tentavam impor às pessoas naquela época.
Um sujeito inteligente, mas perturbado mentalmente que se transformou num assassino de massas e que estranha e curiosamente agiu para salvar todos os livros da obra de Espinosa daquela famosa queima de livros feita pelos nazistas, sob a alegação de que eles serviriam para o estudo do tão falado “Problema de Espinosa”.
No livro, Yalom entrelaça estas duas vidas e suas histórias, num misto de ficção com realidade de uma forma muito empolgante e inteligente.
É no fundo um romance muito bem contado que explora o interior da mente humana, as origens do bem e do mal e filosofia da liberdade e dos afetos.
Eu recomendo que você tire um tempo para ler este livro em seus momentos de relaxamento e descanso, como forma de espantar o tédio e a rotina do seu dia a dia e como forma de jogar para dentro de sua mente mais algumas pás de inteligência pura.
Leave a Reply