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AA Vida Na Sociedade Do Cansaço – artigo que publiquei nos jornais de hoje – leia aqui:

Mauro Condé*

“Temos dois olhos. Com um, vemos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro, vemos as coisas da alma, eternas, que permanecem” – poeta e místico Ângelus Silésius

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre Filosofia.

Eles me levaram para a Universidade de Berlim na Alemanha, onde fui recebido por Byung-chul Han, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

Tome cuidado com o grande vazio de uma vida ocupada demais !

Byung-chul Han é um renomado filósofo coreano que leciona na Alemanha e que escreveu “A Sociedade Do Cansaço”, um livro curto, porém profundo em reflexões para uma vida melhor.

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Nessa obra-prima, Han lembra que Michel Foucault descrevia a geração anterior à nossa como a geração da obediência e respeito às ordens e proibições.

Fala que gradualmente, a sociedade da obediência foi substituída pela sociedade do culto à liberdade individual e à autorrealização.

Incentivados por lemas como o “Yes, we can! (Sim, nós podemos!)” viralizado a partir do célebre discurso de Barack Obama, aceitamos trocar a nossa obediência por uma pseudo sensação de liberdade.

Fomos sutil e lentamente induzidos a acreditar que a troca da vigilância vertical feita por um patrulha de supervisores hierárquicos e draconianos pela forma horizontal de autovigilância nos daria mais controle sobre nossas vidas.

Preocupados pela tão propagada competição entre os seres humanos, passamos a exigir de nós mesmos mais suor, mais lágrimas e mais sangue, metaforicamente falando, criando a sociedade do cansaço com seres tristes, ansiosos e cada vez mais deprimidos por nossas autocobranças.

O problema é que não existe ninguém impiedosamente pior para nos vigiar e nos controlar, nessa moderna sociedade digital e de alta performance e entrega de resultados, do que nós mesmos.

Han termina nos sugerindo uma imersão contemplativa, um mergulho dentro de nós mesmos para nos sentirmos menos cansados e para nos darmos tempo para curtir o tédio e a presença plena.

Ele não defende o descansar pelo descansar para voltar mais produtivo, mas o descansar pelo simples prazer que o descanso gera.

Trata-se de se reconectar com o essencial, aprendendo a curtir mais e a exigir menos.

E alerta : “nunca deixe o excesso no aumento da carga do desempenho provocar o infarto da alma”

*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.

Para ilustrar e sugerir uma maneira de mudar a rotina em plena sociedade do cansaço, gosto sempre de citar um trecho de uma matéria sobre o gênio das artes marciais publicada no Jornal El País:

Bruce Lee já dizia: “Seja água, meu amigo”

Em tempos de incertezas, saber improvisar, se adaptar, viver o momento e criar o futuro nos afasta de frustrações e fracasso

Acostumados a fazer planos, como manejar a vida em meio à tanta incerteza? Vamos ver alguns pontos para não perder o rumo no mar do imprevisível:

Improvisar em vez de planificar. Deixemos de falar desse futuro incerto que nos estressa e decidamos sobre a marcha.

Aproveitar a vida líquida. Em sua entrevista mais famosa, Bruce Lee nos recomendava ser como a água e dava como exemplo o fluido que adota a forma da xícara, da garrafa e da mamadeira. Aplicado ao que estamos vivendo, significa desenvolver ao máximo nossa flexibilidade. “Não se estabeleça em uma forma, adapte-a”, dizia Bruce Lee. “A água que corre nunca fica parada”. Estar sempre em movimento, nos adaptar ao que precisamos fazer a cada momento, no lugar de nos queixar e de tentar nadar contra a corrente, é o segundo ponto.

Para ilustrar esse post, escolhi a pintura de Fernand Léger “A CIDADE”

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A “Cidade” é um exemplo de como Leger pode ser visto como precursor da Arte Pop. As imagens de “A Cidade”, lembram o caos da vida numa metrópole agitada e excitante. Pequenos pedaços de cartazes, vitrines de lojas e construções sobrepõem-se uns aos outros, dando um sentimento de emoção, caos e movimento, criando uma cena em que um único elemento não pode ser visto como um todo. Leger, que era um defensor da tecnologia e da perícia mecânica, usou a sua ilustração da cidade para representar o mundo colorido da tecnologia moderna. Em vez de ser dominado pelo progresso, Leger viu nele a capacidade de curar os males do mundo do pós-guerra.

Para encerrar esse post de forma ainda mais inspiradora, te dedico uma música linda – O Show Tem Que Continuar – [[ Pagode Black Tie com Nei Lopes, Guga Stroeter e Orquestra Coisa Fina. ]]

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3585 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
Contato: Twitter

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