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DICA DE LEITURA – LIVRO CONSIDERADO O MAIOR ROMANCE DO SÉCULO XX E COM O QUAL EU TENHO UMA RELAÇÃO PESSOAL, QUE SE NÃO É O MAIS LIDO É O MAIS CELEBRADO DO MUNDO. TÃO BOM QUE INSPIROU A CRIAÇÃO DE UM ROTEIRO DE VIAGEM E UM FERIADO EM SUA HOMENAGEM E IMORTALIZOU SEU AUTOR, SEU PERSONAGEM, A CIDADE ONDE SE PASSA A HISTÓRIA E O SINGULAR DIA 16 DE JUNHO – COM BÔNUS NO FINAL – DOWNLOAD LEGAL E GRATUITO DA SUA VERSÃO ORIGINAL :


“Leia Ulysses!”

O conselho que me deu uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço na vida ! E eu o segui e recomendo o mesmo para você.


Minha dica de leitura de hoje vai para um “puta” livro, um tijolão com mais de 1000 páginas cheias de conteúdo.

Este livro vai fazer cócegas no seu cérebro, vai provocar sua vontade de ler e reler uma das melhores obras literárias de todos os tempos.

Escrito durante 7 anos (1914-1921) pelo brilhante Irlandês, James Joyce.

O livro se chama : ULYSSES

Muito bem arquitetado por seu autor, o livro foi totalmente inspirado na obra clássica do poeta grego Homero “Odisseia”.

O protagonista repete, metaforicamente, o mesmo trajeto do herói clássico Ulisses : encontra sereias, ciclopes, feiticeiras, enfrenta a ira dos deuses e tenta retornar ileso para casa.

Escrito numa linguagem realista, o livro disfarça as figuras mitológicas na pele de pessoas comuns e as batalhas épicas são resumidas em episódios de um único dia.

Ele conta a história de um homem comum, Leopold Bloom, num único dia da sua vida ( o dia 16 de junho de 1904) em sua cidade – Dublin, na Irlanda – desde o momento em ele que sai de casa para cumprir sua rotina diária até o momento em que ele volta.

O que ele não sabe é que este dia 16 de junho vai entrar para a história da humanidade e da sua própria vida, deixando de ser um dia de rotina comum e banal para se tornar numa verdadeira odisséia (onde todos os acontecimentos possíveis na vida de um homem em dez anos acontecem no intervalo de 24 horas).

Enquanto cumpre suas tarefas, Leopold arquiteta mentalmente uma série de artimanhas para adiar ao máximo possível a sua volta para casa, receoso das surpresas desagradáveis que Molly, sua mulher possa estar lhe aprontando.

Tendo a sua mente sequestrada e invadida pela figura da sua mulher e atormentado pelos acontecimentos reais e ou imaginários, Leopold passa seu dia remoendo suas dores e seu drama interior e por isso acaba transformando seu 16 de junho num dia inesquecível, numa verdadeira odisséia repleta de acontecimentos variados e intensos.

O autor fez caber num única dia todo tipo de experiência, sentimento e acontecimentos possíveis na vida de uma pessoa, onde o personagem vive alegrias, tristezas, decepções, paixões, traições, nascimentos, mortes,… tudo isto ocorrendo na velocidade de um raio no espaço de tempo delimitado de um único dia – o 16 de junho.

Bloom é heróico, é monstruoso, é magnífico – é um super herói que vive histórias formidáveis, supera todo tipo de adversidades e antagonismos só que na pele de um cidadão totalmente comum.

A interseção criada entre as figuras de super herói e cidadão comum num mesmo personagem mostra a inteligência e a criatividade de James Joyce.

Antes de tomar coragem para voltar para casa, Bloom precisa superar numerosos obstáculos e tentações até retornar ao seu apartamento na famosa rua Eccles.

Eu achei esse livro genial e gostei muito da forma como o autor captou o incrível momento de transição pelo qual passava o homem na entrada do século XX.

Joyce captou como ninguém, num lance de antevisão, a essência do novo homem, do homem moderno tal como o conhecemos hoje, com todas as suas capacidades e fragilidades. Este novo homem de lá para cá vive na vida real novas transformações quase diárias em termos de evolução e conhecimento de si próprio.

Lendo o livro, você verá em certas passagens que ele parece ter sido escrito sobre você, sobre os parentes e amigos com os quais você convive no dia a dia de uma forma bem intimista e inteligente.

O personagem criado por Joyce consegue assumir a imagem de um personagem super específico que parece ter sido desenhado exclusivamente para a história desse livro e ao mesmo tempo consegue assumir a imagem de um ser universal que poderia ser qualquer homem do universo. Incrível sentir esta sensação, lendo esta obra prima.

O livro é recheado de polêmicas, de charadas intelectuais e operações semânticas e mostra bem a inovação gerada pelo seu autor ao praticamente criar uma nova linguagem até então não usada na literatura mundial.

Todos os recursos da ficção moderna, o monólogo interior, a mudança contínua da narrativa da terceira para a primeira pessoa, a estrutura linear fragmentada em trechos e o uso inteligente do humor e sátira estão presentes neste super livro.

Narrativa que alterna entre a simplicidade e a complexidade e a sofisticação, onde o autor abusou do direito de testar e fazer experimentações inéditas de linguagem, o que acabou ajudando a imortalizar a obra, os personagens, os lugares onde as histórias ocorrem e o seu autor aos longo de várias décadas e provavelmente por séculos e séculos amém.

São muitas conexões entre técnicas, ritmos e temas usados na sua escrita, onde cada episódio foi cuidadosamente arquitetado para que cada um correspondesse a uma determinada parte do corpo e a uma determinada hora do dia – gostei desta artimanha incrível.

Antes mesmo da publicação do livro, Ulisses teve vários trechos publicados nos Estados Unidos num jornal literário da época e acabou sendo proibido por lá por ser considerado um livro com uma linguagem imprópria, por causa do seu conteúdo que reflete a fala dos personagens com muitos palavrões, o que na minha opinião não desmerece a obra em função do seu conjunto que é rico e belo.

Em função da polêmica gerada pela conotação de sua linguagem  considerada pesada pela abordagem ligada à sexualidade, James Joyce penou para publicá-lo.

A proibição durou por mais de onze anos o que acabou gerando mais divulgação e curiosidade dos leitores em solo americano, servindo para aumentar a sua popularidade a seguir.

Ulissess é um “puta” livro, um senhor romance considerado difícil e hermético por uns, amado e admirado por outros.

Como eu disse no início ele foi uma recomendação de uma das pessoas mais inteligentes que já conheci na vida, mas também já ouvi muita gente boa criticando a obra – eu li e gostei – sugiro que você tenha a experiência da sua leitura para ver o que acha, na pior das hipóteses vai sair mais letrado da sua experiência.

É uma leitura prazerosa, séria, densa, reflexiva e super engraçada ao mesmo tempo.


Registros de jornais da época dizem que a esposa de James Joyce, várias vezes o flagrou dentro do quarto “rachando o próprio bico de tanto rir do que escrevia”, sentado de costas para a porta, em sua escrivaninha entre folhas viradas de cabeça para baixo na mesa ao mesmo tempo que uma pilha de papéis de rascunhos embolados se acumulava pelo chão do quarto. Isto é um ótimo sinal pois quando um autor ou ator se emociona no momento em que produz sua obra, é um sinal de que o leitor vai se emocionar mais ainda.


Além do excelente conteúdo literário, o livro acabou gerando um excelente roteiro de viagem que nos instiga a vontade de viajar no tempo e no espaço para conhecer a Dublin de Joyce, Bloom e Leopold.

Tal febre pelo livro, pela história e pelo autor deu origem ao único feriado que se conhece dedicado a um livro que não seja relacionado aos relatados na Bíblia.

Desde 1924, em todo dia 16 de junho é comemorado na cidade irlandesa de Dublin e no mundo inteiro por milhões de fãs espalhados pelo universo, o Bloomsday, dia que marca a odisséia vivida por Leopold Bloom no mágico dia 16 de junho de 1904.


Foto de Voluntário caracterizado lendo uma passagem de ‘Ulisses’ durante o Bloomsday na Irlanda


Em 1954, a festa passou a incorporar os feriados comemorados na Irlanda e transformou Dublin no santuário de peregrinação dos fãs de Ulisses e Joyce que se reúnem para beber e celebrar o dia.

Hoje o Bloomsday é comemorado em Nova York, Washington, Melbourne, Sydney e até na minha casa, onde eu celebro o dia 16 de junho por uma razão extra, pessoal e especial.

De acordo com meu comentário no título deste post, eu tenho uma relação pessoal com este livro – porque ele celebra o dia mais importante da minha vida e eu sempre o comemoro com o mesmo ritual, relendo aleatoriamente um dos seus bons trechos, erguendo uma taça de água com gás e soprando algumas velinhas em comemoração ao meu 16 de junho particular.


Para encerrar este post escolhi como trilha sonora a música :

Samba do Joyce


cuja letra fala :


Samba, samba
Quando james joyce ouviu um samba, samba
Descobriu que a lapa era na irlanda, landa
Molly bloom virou carmen miranda, randa
Ele então juntou corda e caçamba, samba
Resolveu sair atrás da banda, banda…



Clique no link abaixo para baixar via download legal e gratuito a versão original do livro em inglês


http://livros.universia.com.br/2012/06/18/baixe-gratis-o-livro-ulysses/


Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3583 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
Contato: Twitter

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