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Falta espírito de “Mané” no jogador de futebol de hoje.

A crônica de hoje é um misto de protesto com saudade e homenagem.

Protesto pela chatice que tem dominado o futebol atual, onde os times e os jogadores parecem mais robôs gigantes e fortes que se trombam dentro do campo visando parar a jogada a cada segundo.

Parece incrível, mas outro dia, ouvi um comentarista dizer que jogador bom é aquele que joga sem a bola e também não deixa o outro time jogar.

Um exemplo deste futebol robotizado é a seleção brasileira tem tido uma dificuldade enorme para empatar com adversários como África do Sul e Iraque nos jogos Olímpicos Rio 2016.

Saudade e homenagem porque fui buscar na minha memória casos incríveis do segundo melhor jogador de futebol de todos os tempos, depois de Pelé – o inesquecível Mané Garrincha, que depois de morrer virou nome de estádio de Futebol.

Entre os textos que contam histórias deste gênio das quatro linhas resolvi destacar estes:

Adiós:

Depois daquele jogo inesquecível no Chile, ele ficou para trás e recebeu o ataque de um repórter estrangeiro que segurando seu microfone pediu:

-“Garrincha, por favor, dos palabras para este micrófono”.

O craque logo emendou a pergunta com esta resposta:

-“Adiós, micrófono!”

Kkk

Chuta mané:

Naquele dia, o Botafogo representava a Seleção Brasileira e jogava a final de um torneio na América Central quando Garrincha aprontou das suas.

Era um jogo difícil e o time correndo atrás do título, que valia um polpudo prêmio em dinheiro.

Eis que, no final do jogo, esgotado o tempo regulamentar, o Mané pega a bola, dribla meio time e fica na cara do goleiro.

Para, ameaça chutar e não chuta.

O time inteiro, mais todos que estavam no banco, gritam para ele chutar:

-“Chuta Mané!

Nada, ele ali, gingando na frente do goleiro.

Até que, finalmente, chuta e faz o gol.

Terminada a partida, no vestiário, vem a bronca do técnico do time querendo saber por que ele não chutara de uma vez.

E a resposta de Garrincha:

– “Ué, o goleiro deles não queria abrir as pernas, fiquei esperando.”

Kkk

O inventor do olé:

Sabe quando a torcida começa a gritar “olé” ao ver um time muito superior ao adversário?

A primeira vez que isso aconteceu foi em 1957, no México.

Graças a Garrincha. João Saldanha, técnico do Botafogo na época, conta em seu livro Histórias do Futebol que Mané estava impossível em um amistoso contra o River Plate, no Estádio Universitário, parte da excursão do time carioca ao país. Quem mais sofria era o zagueiro Vairo.

“Toda vez que Mané parava na frente do zagueiro, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio.

Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: ‘Ô ô ô ô ô ô-lê!’”, escreveu Saldanha.

Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do ‘olé’.

As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao ‘olé’.

As notícias repercutiram bastante no Rio e a partir daí a torcida carioca, brasileira e do mundo inteiro consagrou o ‘olé’”.

Garrincha foi um verdadeiro gênio da arte do futebol que tristemente morreu sozinho, pobre e bêbado aos 50 anos de idade.

Gênio e ingênuo.

A imprensa o chamava de “O Charles Chaplin do Futebol”.

Adorava tanto cerveja e cachaça que uma vez ouvindo conselhos para moderar na bebida, retrucou:

“Eu não vivo a vida, a vida me vive” – este era seu lema para amenizar seu mergulho numa imensa tristeza e depressão.

Sua perna esquerda era seis centímetros mais curta que a direita e estava inclinado para a direita.

Mané foi casado três vezes e teve 14 filhos reconhecidos.

Seu grande amor na vida era Elsa Soares, uma lenda do samba que tinha cantado com Louis Armstrong.

Que o espírito de Mané baixe sobre os jogadores do futebol moderno para que ele volte a encantar como antes.

Para ilustrar este post, escolhi a obra de arte, o quadro  “Futebol em Brodósqui” de Cândido Portinari- 1935.

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Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3584 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
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