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MEU PAI – Um filme que você não pode perder de jeito nenhum – leia aqui uma crítica sobre essa obra de arte:

Ultimamente, tenho evitado publicar posts sobre temas profissionais, sobre carreira e trabalho, sobre temas que geralmente abordo em minhas conversas e temas comentando os resumos de notícias.

O mundo anda muito carregado pela pandemia e tentando contribuir para que meus leitores possam desfrutar de alguns momentos de relaxamento, descanso e fuga saudável da realidade, da rotina, do tédio, do stress e da monotonia, passei a priorizar publicações com dicas do mundo da arte.

A vida real tem hora que é séria e dolorida e a arte a torna mais digerível e até agradável.

Por isso tenho preferido escrever sobre livros, filmes, peças de teatro, shows, espetáculos, pinturas, esculturas, gastronomia, saúde, viagens, enfim textos leves que preencham com inteligência nossos momentos de reflexão e de planejamento pessoal para superar tudo isso, que já já vai passar.

Minha dica de Cultura, dica de Cinema de hoje vai para o filmaço :

MEU PAI

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Meu pai é um filme sensacional e contém talvez uma das melhores atuações de um ator em um papel comovente sobre dramas da vida real.

O filme é feito como se fosse uma pintura, onde um tema denso é pintado com cores leves e suaves, sem perder a profundidade e a veracidade dos argumentos.

Anthony Hopkins faz o papel de um senhor que tem a mesma idade que ele tem na vida real, mais um desafio em minha opinião, e que entra no terreno movediço do fim da vida, fase na qual a demência aparece para assombrá-lo de forma gradual e intermitente.

Ele esquece a maioria das coisas, com exceção curiosamente, da sua data de aniversário no dia 31 de dezembro de 1937, data que ele vive sendo obrigado a contar para pessoas diferentes.

Um homem que, outrora vivia de forma altiva e autoritária e que de repente se vê obrigado a receber ordens de sua filha, invertendo os papéis de autoridade que viveram ao longo da vida.

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Esse belo filme se desenvolve através do novelo de uma linha especial e fina, a linha do tempo, que indica a passagem dos anos que ele, literalmente, carrega nas costas.

E seu maior apego é exatamente com o tempo, mais precisamente com um objeto que representa o precioso tempo que ele não quer perder de jeito nenhum.

E é esse relógio, seus sumiços e reaparecimentos que conectam os diálogos dele com a filha querida que tanto faz questão de o tratar bem e de cuidar carinhosamente dele.

Além do relógio, vemos o personagem apegado à casa onde mora, com medo de que a tentem tomar com o intuito de enviá-lo para um asilo.

Justo a casa, cenário onde se passa a maioria das cenas do filme, que dentro da mente dele é sempre a mesma, é sempre a sua casa, mas que na verdade alterna entre sua casa, a casa da filha e uma clínica de saúde.

É de cortar o coração ver as cenas em que ele procura um quadro com sua pintura favorita, que ora aparece, ora desaparece do nada.

Para o personagem, ele vive sempre no mesmo lugar, porém para nos situar enquanto espectadores, o diretor habilmente muda o tom da cor das paredes, alterna a posição dos móveis de maneira sutil e criativa.

Aliás, a direção do filme também é uma obra de arte, assim como o roteiro e as atuações de seus protagonistas.

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Oscar, qua aliás esse filme concorre com seis indicações merecidíssimas.

É incrível o grau de competência que tiveram todos eles em nos conduzir para uma viagem para dentro da mente de um senhor de idade, sofrendo com o mal de Alzheimer, e nos fazer enxergar o mundo tal como ele é dentro da cabeça de uma criatura indefesa, perdida, confusa e totalmente dependente.

Temos a sensação que dentro da mente do ator, o cérebro é composto por vários fios velhos e enferrujados, desgastados e desconectados pelo tempo e que de vez em quando se encostam um no outro e acendem clarões de lucidez que rapidamente se rompem e provocam choques constantes entre a realidade a imaginação doente do ser humano.

A obsessão do pai pelo relógio, pelo tempo, pela filha que se recusa a vê-lo e a falar com ele por vários anos na vida, fazendo-o sofrer de imensa angústia, depressão e vazio interior, e a confusão que a mente dele cria em torno do genro ou dos genros é algo de extraordinário e assustador ao mesmo tempo.

Em seus poucos momentos de lucidez ele se gaba em voz alta e aos risos do quão inteligente ele mesmo se considera.

E tem as suas peripécias e problemas com as cuidadoras com as quais vive às turras, por achar que não precisa delas.

O filme é extraordinário e tanto o pai quanto a filha merecem ser aplaudidos de pé, como se estivessem numa peça de teatro, que aliás inspirou o filme.

Vemos o sofrimento do pai e o drama vivido pela filha, que praticamente passa a ter sua vida e sua rotina totalmente alterada para se dedicar a seu velho pai, que de uma hora para outra voltou a se comportar como uma criança.

Ficar em casa e cuidar pessoalmente do pai ou interná-lo em uma casa que cuida de idosos é um drama vivido por ela, que externa em seu rosto todos os seus medos, dilemas e sofrimentos causados pela situação.

De tirar o fôlego, esse filme alterna momentos tensos com cenas brilhantemente engraçadas através de atuações dignas de um Oscar.

E por fim a sensação que o pai tem de ser uma árvore que viveu por um longo tempo e está se desmanchando, perdendo os galhos, os troncos e as folhas é de uma poesia avassaladora.

Um filmaço que eu vi pelo Youtube, ao preço de um ingresso de cinema e que vale cada centavo, em minha opinião, apesar do valor.

Dois atores em atuações esplêndidas nos proporcionam reflexões sobre a nossa própria vida, sobre a relação entre pais e filhos, principalmente aquelas que se perdem ao longo do tempo para se tornarem alvo de arrependimento tarde demais.

Filmaço !

Para sua pré-avaliação indico a nota obtida por “Meu Pai” nos melhores sites sobre cinema do mundo:

  • 8,3 na opinião de quase 28.000 pessoas no site IMDB
  • 8,6 na opinião da crítica no site ROTTEN TOMATOES
  • 8,6 na opinião do público no site ROTTEN TOMATOES
  • 9.5 em minha opinião pessoal
    • Nota 8,8 na média das notas acima

Para finalizar esse post, uma frase genial que ouvi do grande Chico Anísio em uma entrevista memorável para o Roberto D’Ávila, anos atrás:

“A maior vantagem de envelhecer é saber mais, um velho se torna sábio com o passar dos anos.”

Desde que ouvi essa frase fico pensando nessa situação – a gente vive o tempo todo de maneira apressada e frenética na busca do acúmulo de mais conhecimento, mais experiências, mais momentos memoráveis, perde boa parte da vida para carregar a nossa mente e a nossa memória com uma carga valiosíssima para que no final, a vida se encarregue de despejar tudo para lado de fora outra vez. Vai entender! rs

Por isso, viva o melhor que puder a cada segundo, não desperdice seu tempo com coisas pequenas, coisas menores e insignificantes, não guarde mágoas nunca. Aprenda a perdoar enquanto é tempo. Viva o melhor que puder, pois um dia, mesmo se você esquecer do que viveu, vai estampar um sorriso no rosto e vai sentir uma sensação de alívio, bem estar e dever cumprido, até sem saber bem o motivo.

Veja o trailer do filme:

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3585 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
Contato: Twitter

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