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Coringa – filme de 2019 – O Coringa de Joaquin Phoenix tem comparação com os Coringas dos filmes anteriores? Crítica comentada de um dos filmes mais vistos dos últimos dias: – leia aqui:

“TOME CUIDADO COM O VAZIO DE UMA VIDA OCUPADA DEMAIS” SÓCRATES.

Minha dica de cultura de hoje, vai para o filme :

C O R I N G A

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As cortinas são fechadas, a sala de projeção é escurecida e as primeiras imagens pintam na tela.

Uma vista aérea da cidade é mostrada e através dela podemos ver uma larga avenida separada por prédios altos, de um lado e de outro.

O trânsito flui nervoso num belo dia de sol.

Um ônibus é visto passando e dentro dele podemos ver um personagem curioso, com a cabeça encostada na janela, jeito contemplativo de alguém que não parece viver dentro de si mesmo.

A criança que está no banco da frente, se vira para trás, se ajoelha no banco e começa a rir das palhaçadas que Arthur, o passageiro curioso, começa a fazer para diverti-la.

A mãe, com um semblante mal humorado, vira-se para trás e ordena que Arthur pare de importunar seu filho, como se ele realmente o estivesse fazendo.

Nervoso e retraído, Arthur solta uma alta e forte risada e em seguida entrega para a mãe do garoto um cartão contendo um texto de desculpas e uma explicação de que ele sofre de um distúrbio psicológico que provoca nele risos e gargalhadas até em situações tristes e tensas, sem que ele tenha controle sobre isso.

Ele aparece, sem camisa, ajeitando seus sapatos de palhaço, parte do figurino do seu uniforme de trabalho. Ele trabalha fantasiado fazendo anúncio de lojas pelas ruas.

Ao fundo, ouvimos a voz da assistente social dele, dizendo que aquela será sua última sessão de assistência médica gratuita, por motivos de descontinuidade do programa de assistência governamental.

Ele aparece emburrecido e chateado, andando pelos corredores da empresa onde trabalha, soltando fortes e sonoras gargalhadas, típicas dos momentos quando algo parece não estar indo bem para ele.

Assim como as gargalhadas aparecem, elas somem e desaparecem do nada e sem motivo exterior aparente.

Ao ser dispensado pela assistente social, ele reclama de não ser escutado por ela e que ela apenas se limita a repetir as mesmas perguntas cada vez que se encontram.

Honesto, humilde, solitário e sozinho no mundo, a não ser pela sua convivência com uma mãe pobre e doente, ele passa quase que despercebido pelas ruas, como se fosse um ser humano invisível.

Arthur não tem instrução nem cultura, dois fatores importantes na construção do equilíbrio até das pessoas que precisam de ajuda.

Com instrução, ensino e cultura, elas aprendem a viver melhor dentro delas mesmo, sem muita ajuda externa.

Arthur não goza desse privilégio.

E ele é invisível, até o ponto de não ser provocado.

E as provocações começam por meio de uma gangue de adolescentes, que na rua o agridem fortemente no momento em que ele faz o seu trabalho.

A violência e as agressões contra ele são totalmente sem sentido e gratuitas.

Ele conta para a assistente estar preocupado com a interrupção do programa de ajuda social, o que pode agravar sua angústia interior e seus inúmeros pensamentos negativos.

Além do distúrbio que o leva a agir como sociopata, ele bebe, fuma e demonstra comportamentos compulsivos diversos o tempo todo.

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Ele age como se precisasse de uma válvula de escape e de rápidas doses de alegria momentânea que o ajudem a aplacar seu sofrimento diário.

Um dia acompanhado sua mãe, internada num quarto de hospital, Arthur se vê dentro da TV, sendo entrevistado por um humorista, num programa de auditório do qual participou.

Abre um largo sorriso que logo se transforma, quando percebe que sua participação foi editada para parecer um bobo da corte na frente das câmaras.

Ele se revolta por dentro.

O metrô corta a noite da cidade e lá dentro, fantasiado de palhaço, Arthur é provocado por passageiros ricos que parecem se divertir de sua condição humilde.

Coisas surpreendentes acontecem.

Uma hora, ele aparece jogando uma máscara de palhaço, feita de papel, no lixo da estação do metrô.

Depois aparece barbeado e de terno vermelho fitando o horizonte, como se finalmente tivesse um plano em toda a sua vida.

Ele assiste pela TV cenas de protestos dos cidadãos que se revoltam com o candidato à prefeito, que ele parece tanto conhecer e sentir proximidade, sem ao menos ser reconhecido.

Afinal, quem nunca sentiu uma vontade enorme de colocar um nariz de palhaço para protestar contra situações, pessoas ou fatos que contrariam toda a lógica ou senso de cidadania e respeito ao ser humano?

Engomado dentro de seu terno vermelho, ele aparece dançando numa longa escadaria, numa performance que lembra a do protagonista de dançando na chuva.

Sua dança na escandaria esconde, dentro da beleza de sua coreografia, todo o vazio de um ser humano que questiona sua existência, sua verdadeira identidade, seu medo de morrer, as consequências de suas decisões impensadas e uma forte e aparente falta de sentido para a sua própria vida cheia de sofrimento e pressão psicológica.

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Ele é visto tentando fazer shows de comédia e stand-up, contrariando até a sua própria mãe que não o julga engraçado para essa missão.

Pessoas aparecem de todos os lados da cidade, usando máscaras de palhaço, tentando expressar suas indignações para com os políticos e a crise moral e econômico-financeira em que vivem todos naquela cidade.

De repente, ele percebe que deixou de ser um mero ser invisível para se tornar um pop star local pelas piores condições possíveis.

Ele aparace correndo com uma pasta de arquivo nas mãos, enquanto foge dos seguranças de uma clínica psiquiátrica.

Aparece rindo e gargalhando de e para tudo e para todos.

Ele aparece sendo agredido pelo homem mais rico e importante da cidade, quando com ele se encontra para tirar satisfações pessoais sobre seu passado.

Cenas de caos e violência começam a viralizar por toda a cidade, após uma perseguição dentro do metrô, onde o Coringa (nome artístico escolhido por Arthur) se encontra.

E ele tenta se disfarçar colocando uma máscara de papel sobre o seu rosto já mascarado por uma pintura facial.

E não é que acaba sendo convidado para fazer uma participação no programa do humorista que fez chacota dele pela TV para todo mundo ver.

A humilhação pública, acabou transformando-o em vítima nacional e atração com potencial de aumentar o Ibope para a emissora.

Coringa é um filme tenso, nervoso e cheio de críticas e relatos sociais que caracterizam o mundo de hoje, onde pessoas vivem em conflito dentro delas mesmas, provocando uma onda de descontrole e caos por uma sociedade controlada pela propaganda, pela mídia e pela ilusão mercadológica, que busca transformar cada pessoa num boneco manipulável para consumo desenfreado, sem contudo produzir condições de vida para todos os seres, inclusive os mais desprestigiados pelo ambiente social doentio.

É um filme forte, que vai despertar emoções, mostrar cenas totalmente inesperadas e colocar o dedo em algumas feridas da sociedade, através do personagem do Coringa, totalmente diferente do personagem que já foi várias vezes encenado por astros do cinema no passado.

Esse filme se desvia um pouco do tipo de filme que gosto de ver e de recomendar, mas vale como entretenimento ainda assim.

Apesar das tentativas, eu não vejo nenhuma comparação possível desse Coringa com qualquer outro que já tenha existido.

Dá para sentir cheiro de Oscar para o brilhante ator Joaquin Phoenix, aos 45 anos e 24 anos mais magro para encarnar um Coringa incomparável.

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A trilha sonora é da melhor qualidade e a plástica cinematográfica desse filme é top.

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Destaque para a brilhante participação de Robert de Niro, no papel do comediante que cai nas graças da mídia nacional.

Para sua pré-avaliação, indico abaixo as notas obtidas por esse filme nos melhores sites de cinema do mundo:

  • 9,0 na opinião de mais de 137.000 pessoas – site IMDB
  • 9,1 na opinião do público no site Rotten Tomatoes
  • 6,9 na opinião da crítica no site Rotten Tomatoes
  • 9,2 na opinião do público no site Metacritc
  • 5,8 na opinião da crítica no site Metacritic
  • 7,0 em minha opinião pessoal
    • 7,8 na média geral das notas acima

Veja o trailer do filme:

Ouça aqui a incrível trilha sonora do filme, principalmente a música SMILE (Sorria) :

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3585 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
Contato: Twitter

1 Comentário em Coringa – filme de 2019 – O Coringa de Joaquin Phoenix tem comparação com os Coringas dos filmes anteriores? Crítica comentada de um dos filmes mais vistos dos últimos dias: – leia aqui:

  1. Meu caro Mauro, Muito bom seu comentário. Não vi este filme (o Dani adorou) e provavelmente não verei, pois há anos e anos que não vou mais a nenhum cinema, mas seu comentário provocou em mim um leve desejo de assistir a um filme tão inesperado. Fiquei pensando que poderia existir uma cena inicial onde ele aparece lendo uma revista do Batman. E essa seria a única referência ao personagem. Ou seja, seria um dos muitos loosers da vida que, de repente, se inspirasse no personagem das HQ para viver o seu próprio papel. Que tal?

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