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Os Juízes vistos pelos Advogados – artigo que publiquei nos jornais comentando um excelente livro sobre o tema do Direito e seus personagens principais. Vale a pena conhecer esse livro e a história de seu autor, um dos maiores juristas do mundo de todos os tempos:

*Mauro Condé

Conta uma lenda que, injustamente acusado de um crime cometido por outro, um homem foi levado a um julgamento arranjado para que fosse condenado à forca.

Simulando um julgamento justo, o juiz propôs que o acusado escolhesse o seu veredicto entre dois papeis colocados em cima da mesa. 

Os papeis deveriam conter as palavras Culpado ou Inocente, respectivamente.

Só que na prática, em função da armação, os dois papéis continham igualmente a palavra Culpado.

Percebendo a armação, o acusado escolheu um dos papéis e o engoliu rapidamente e em seguida exigiu que o juiz lesse em voz alta para a plateia a palavra oposta à sua sentença, que ele tinha acabado de engolir.

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre direito.

Eles me levaram para Florença, Itália, nos anos 50, onde fui recebido por um dos maiores juristas de todos os tempos, Piero Calamandrei, a quem fui logo pedindo:

_ Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

Eis o que aprendi com ele, por meio do seu clássico livro “Eles, Os Juízes, Vistos Por Um Advogado” (no qual ele trata, de forma respeitosa, a relação entre essas duas categorias de profissionais de alto valor):

A função mais bela da humanidade é a de administrar e praticar a justiça.

O circo do advogado faz parte do rito da audiência.

A missão específica do advogado não é se fazer ouvir pelos juízes; é antes disso, ouvir os seus clientes.

O advogado deve saber sugerir, de forma discreta, ao juiz os argumentos que lhe deem razão, de tal modo que este fique convencido de os ter encontrado por conta própria.

O juiz admira melhor a brevidade: quando um advogado fala pouco, o juiz, mesmo que não compreenda o que ele diz, compreende que ele tem razão.

Se escrever demais, o advogado não será lido; se falar demais, não será ouvido e, se for obscuro, não terá tempo para ser compreendido.

Julgar os outros implica, a cada instante, o dever de ajustar as contas com a sua própria consciência.

O drama do juiz é a solidão, porque para julgar ele deve estar livre dos afetos humanos e situado um degrau acima dos semelhantes.

Ao advogado, cabe cumprir o seu dever, que é o de falar; de tal maneira a ajudar o juiz a cumprir o dele, que é o de compreender.

Afinal, como disse Ruy Barbosa:

“A força do direito deve sempre superar o direito da força.”

(*)Palestrante, consultor e fundador do Blog do Maluco.

Para encerrar esse post, de forma ainda mais motivadora, deixo você na companhia de 03 obras de arte :

1-Visual – aprecie o quadro, a pintura :

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Cardeal Richelieu, do pintor Champainge.

Ele foi citado por Calamandrei em sua obra, como ilustração da imagem do advogado, dependendo do seu ângulo de visão, seja como advogado de acusação ou de defesa, que tenta sustentar seus argumentos com base em boa fé e na verdade.

O Cardeal foi pintado em três atitudes diferentes:

Ao centro da tela, ele foi pintado de frente a olhar para o lado e aos lados, de perfil a olhar para o centro.

O modelo é um só, mas na tela parece que são três pessoas a conversar, de tal modo são diferentes as expressões das figuras vistas de perfil e, mais do que isso, o ar calmo que, no retrato do centro, é a síntese dessas figuras. Num processo passa-se o mesmo. Os advogados procuram a verdade de perfil, esforçando o olhar, e apenas o juiz, que está no meio do quadro, vê pacatamente de frente.

2-Literária : Leia o livro :

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3-Musical – Ouça a música que faz parte da trilha sonora (música de introdução) dos episódios da melhor série sobre temas jurídicos do momento (Suit -Homens de Terno) – cujo personagem, o Dr.Harvey está para o Direito assim como o Dr.House está para a Medicina na ficção:

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3585 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
Contato: Twitter

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