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Qual o filme mais delicioso para ver hoje? Nota 7,5 para esta dica – um filme que conta uma linda história e que é uma homenagem ao doce mudar das estações da vida:

Minha dica de cultura – dica de cinema de hoje vai para o delicioso filme japonês :

Sabor da Vida

Mas antes de te contar a dica sobre este belo filme, tenho também a dica de um livraço para você ler e passar seu tempo com qualidade. Caso se interesse por conhecer este livraço muito bom mesmo, basta clicar aqui em cima deste texto que eu te conto rapidamente sobre a história do livro e volto para falar do filme abaixo.

Logo de cara, nos deparamos com um belo poster desta película surpreendente.

Vemos os três personagens centrais da história, em pé – perfilados, lado a lado, olhando para o alto, para as flores das árvores ao redor.

São cerejeiras que o filme todo, ajudam a compor a paisagem, o cenário e o enredo.

Na imagem, uma garota adolescente com uniforme estudantil todo em preto e vermelho do lado direito, ao centro uma velha senhora com um chapéu de frio marrom e um casaco de lã beje, tendo do lado esquerdo da foto um chef de cozinha com seu uniforme cinza, avental e lenço brancos.

Os três parecem olhar para o que vem pela frente na vida, em tom de dúvida e de esperança, vida que como boa costureira trata de unir as linhas das histórias destas três figuras interessantíssimas.

Em seguida, somos apresentados às imagens do filme, através das cenas de seu trailer, que desvendam a história, sem entregar o seu enredo por completo.

As luzes se acendem na tela e uma imagem em tela preta e letras brancas indica que estamos prestes a ver um filme premiado no festival internacional de cinema de Cannes.

No primeiro plano, vemos, no interior de um pequeno restaurente, o cozinheiro, com seu uniforme e seu lenço branco na cabeça, parecendo triste, deprimido e cabisbaixo, como se estivesse triste e fumando um cigarro (enquanto olha fixamente para o chão parecendo conversar com seus amigos imaginários que o fumo parece lhe proporcionar).

Do lado de fora, em outro plano, a câmera filma o céu e mostra árvores cerejeiras com suas folhas e suas flores tremulando ao som do vento.

Ainda do lado de fora do restaurante, vemos uma senhora com gorro escuro na cabeça, roupa de frio e olhar perdido, caminhando pelas ruas.

Até que o vento carrega o cheiro de comida e atrai o olfato da velhinha, fazendo o destino dela e do cozinheiro se cruzarem numa tarde fria.

Enquanto prepara a comida e atende a um grupo de jovens, o chef é interrompido pela visita daquela simpática e até então desconhecida senhora.

Atraída pelo cheiro da comida, ela sente o brilho de uma oportunidade ao ver um cartaz oferecendo um emprego para trabalho na cozinha.

Ela se oferece dizendo que sempre teve vontade de fazer este tipo de trabalho.

A esta altura, a jovem estudante ja se encontra dentro do restaurante e presencia o diálogo entre a velha candidata ao emprego e o jovem gerente do restaurante.

Fica curiosa ao ver o gerente recusar a mão de obra da velha senhora, alegando que o trabalho é mais difícil do que parece e ao ver a senhora mudar o discurso e se apresentar como alguém que faz aquilo há 50 anos.

Os dias passam, as cenas se repetem, a velha senhora volta tentando insistentemente se canditar à vaga e o gerente gentilmente a despede, agradecendo pelo interesse.

Numa bela tarde, ela volta com uma nova tática e entrega para o gerente uma sacola com uma vasilha dentro – seria uma amostra dos bolinhos de feijão vermelho que o restaurante dele fazia, mas de acordo com uma receita secreta dela.

Entrega o embrulho e vira as costas e sai rapidamente do local, deixando o chef curioso com toda aquela insistência.

Ele pensa em jogar o embrulho no lixo, mas desiste da ideia e tenta experimentar a pasta de feijão vermelho que ela deixou para degustação.

O chef sempre cara fechada e semblante sério, começa a experimentar a pasta feita pela senhora, chega a lamber os dedos e o beiço e dá um sorriso e exclama para si mesmo – nunca vi algo tão delicioso assim.

Ao que parece finalmente a senhora consegue encantar e seduzir o jovem gerente do restaurante, pegando-o pelo seu ponto fraco – uma pasta de feijão vermelho (especialidade do restaurante) muito melhor do que a que ele produz em seu estabelecimento.

Cenas adiante vemos a senhora, catando algumas flores das árvores, num contraste de olhares – ela sempre olhando para cima e ele sempre de cabeça baixa, o tempo todo.

Alguns takes depois, a senhora é vista trabalhando no restaurante, preparando com capricho e com magia as panquecas com pasta de feijão vermelho da sua receita secreta.

Como uma bruxa, ela mexe no caldeirão, sente o aroma e o cheiro e surpreende o chef conversando com os feijões enquanto os cozinha, num ritual muito meticuloso e profissional.

Por causa da idade e de um problema nas mãos, ela precisa da ajuda do chef para manusear as panelas quentes de um lado do outro do fogão.

Enquanto prepara os ingredientes, ela trata de ensinar e transmitir os seus segredos culinários, guardados por cinco décadas, para o seu novo e encantado chefe.

Na primeira vez em que preparam juntos os novos pratos do restaurante, a senhora ouve envergonhada uma grande elogio do chefe – dizendo para ela nunca ter comido nada igual.

Uma lágrima rola pelos olhos dela, enquanto o chefe levanta a persiana e abre a janela do balcão do restaurante e começa a servir as novas panquecas fruto da parceria entre os dois.

Poucos dias depois da mudança, ao abrir o restaurante pela manhã, o chef toma um enorme susto com a fila gigante que se forma do lado de fora, com uma multidão de pessoas esperando para experimentar a delícia que todos estavam espalhando pela cidade.

Até as estudantes, habituais frequentadoras do restaurante, percebem uma mudança no semblante do chef, que não esconde um sorriso de felicidade para elas.

A partir daí, só vendo o filme para ver que história linda ele tem para nos revelar.

Eu gosto muito da maneira como os filmes japoneses conseguem transmitir sabedoria, gentileza, sensbilidade em forma de poesia temperada com filosofia.

E a maneira como os japones combinam boas histórias como uma culinária de fazer cair o queixo então.

Neste filme somos brindados com uma metáfora do ato de cozinhar e de servir ao próximo com a forma como vivemos a vida, enquanto ela passa rapidamente como as estações do ano.

Gostei da forma sutil como o filme chama a nossa atenção para a finitude da vida e para a rapidez que ela passa, se não for absorvida a cada instantes com ternura e sabedoria.

O filme nos induz a pensar no melhor sentido e significado para as nossas vidas, a refletir sobre as consequências positivas e negativas(sim elas são invevitáveis) de nossas escolhas e da opção de viver em sociedade, mesmo quando nos sentimos isolados/solitários e rodeados de pessoas por todos os lados.

A descoberta de um segredo sobre a vida da misteriosa senhora e de particularidades das vidas do chef e da jovem estudante mudam brutalmente a sequência da história e passamos a acompanhar o desenrolar da vida deles em tom poético, filsófico num tom que mistura sentimentos e emoções, alegrias, tristezas, sorrisos e lágrimas.

É um filme para ser degustado e para ficar indo e voltando em nossos pensamentos pelo resto da vida.

Apesar de reflexivo, considero muito necessária a mensagem que ele passa para nos ajudar a dar um rumo melhor para as nossas próprias vidas.

Um filme nota 7,5 em minha opinião.

Veja o trailer abaixo e se puder, veja o filme – disponível na Amazon.

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3584 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
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