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VIVER É UM GRANDE DESAFIO – SABER QUE A VIDA É DIFÍCIL TORNA A NOSSA VIDA MAIS FÁCIL ! DICA DE FILME PARA QUEM GOSTA DE VIVER E APRECIA PENSAR SOBRE A VIDA ENQUANTO PASSA POR TODOS OS SEUS ESTÁGIOS : VEJA O BEM FEITO, SENSÍVEL E BEM HUMORADO FILME “LUCKY”

“Realismo é a prática de aceitar uma situação do jeito que ela é”

A frase inspiradora do dia – proferida pelo protagonista do filme indicado nesse post.


Imagine um dia você procurar um médico e receber dele um único diagnóstico – o de que você sofre de Velhice Irreversível (rs) e ainda ouvir dele que a maioria das pessoas nunca vai chegar na idade que você está e te dispensar por você não ter nada que precise de medicamento – o que você faria nessa situação ???

Minha dia de Cultura de Hoje vai para o :


F I L M E  =  L U C K Y


Filme cativante e emocionante que fala sobre a duração da vida e a importância da amizade.

Ele fala sobre a última, ou talvez a melhor idade para um ser humano.

Para mim, seu tema capta o que acontece com todo ser humano, que nasce sozinho, morre sozinho, mas só vive em sociedade na companhia de outros seres humanos, em grupos, comunidades ou em redes sociais.


MINHA ANÁLISE FILOSÓFICA SOBRE A MENSAGEM DA HISTÓRIA DO FILME:


A VIDA É BELA, A VIDA VALE MUITO A PENA ! A VIDA NÃO É PARA SER VIRADA DE UMA VEZ, É PARA SER ABSORVIDA LENTAMENTE, À MEDIDA QUE TUDO O QUE VIVEMOS PASSA. ESSE FILME É UMA MENSAGEM DE AMOR À VIDA.


Uma vez lendo um dos grandes livros do Dr.Yalom vi que ele adora usar uma expressão do imperador e filósofo Marco Aurélio, da antiga Roma para caracterizar o papel do ser humano nesse mundo : “Somos Criaturas De Um Dia”.

Profunda e simples ao mesmo tempo, essa expressão nos lembra que não somos nada mais nada menos do que criaturas de um dia, que somos finitos, transitórios e evanescentes – lembrança que pode nos ensinar a trabalhar melhor o modo como queremos, como podemos e como devemos viver.

E eu entendi que essa também é a intenção desse filme, de certa forma – questionar a velhice e a proximidade da morte,  à medida em que a mente acompanha o desmanchar do corpo e da aparência, como um alerta para aprendermos a viver melhor.


Tudo isso numa linguagem bem humorada e não depressiva

(o que atrai ainda mais o interesse pelo filme).


E aprender a viver como demonstra a narrativa do filme é aprender a lidar com quatro dos maiores desafios da vida :


  • A consciência e o medo da morte;


  • A extrema dificuldade em lidar com as constantes escolhas que somos obrigados a fazer na vida e com suas consequências e eventuais perdas;


  • A solidão que chega de fininho à medida que o tempo passa

    e principalmente o filme nos leva a nos questionar sobre:  O verdadeiro sentido e significado da vida.


Eu repito esses argumentos com frequência em meus posts, de forma proposital, com o objetivo de jogar luz sobre a necessidade de pensarmos neles e de fazermos algo com nossas conclusões pois são esses os ingredientes que fazem uma vida ser melhor ou pior. E nesse caso, meu objetivo é contribuir para que a vida seja cada vez melhor.

O filme mostra como nossas ações e atitudes são tão ou mais importantes que os nossos pensamentos.

Ele também traz a mensagem que mais dia ou menos dia, todos nós envelhecemos e uma hora vamos olhar para trás e analisar rapidamente o que fizemos com a nossa boa e querida vida.

O filme cumpre, em minha modesta opinião, uma missão terapêutica ao proporcionar, ainda que de leve, reflexões sobre a maturidade e a necessidade de aprender a lidar com os efeitos colaterais da passagem do tempo e da vida – certas angústias que só aparecem com o natural envelhecimento.

Aprecie a história e curta a trilha sonora contagiante que tem no som da gaita o seu ponto forte.


 SINOPSE COMERCIAL DO FILME :

A jornada espiritual de um homem de 90 anos e os personagens peculiares que habitam uma cidade fora do mapa no deserto americano.

Lucky é uma pessoa sozinha e encontra-se no precipício da vida, empurrado para uma jornada de autoconhecimento, rumo ao que é muitas vezes inalcançável: iluminação.

Última atuação do grande ator americano Harry Dean Stanton, conhecido por filmes como “Alien – O Oitavo Passageiro”, de Ridley Scott, e “Paris Texas”, de Wim Wenders.


O MEU RESUMO COMENTADO SOBRE A HISTÓRIA DO FILME



Logo na entrada da sala do cinema, já deparamos com uma imagem diferente :

A foto de um velho e magro senhor, de costas, com seu largo chapéu, cor de palha e estilo cowboy, trajando uma camiseta e uma cueca cumprida, ambas brancas, contrastando com seu par de botas e de meias pretas.

O velho está parado segurando uma fina e longa mangueira verde regando um enorme cactus, cultivado dentro de um vaso gigante, em pleno clima escaldante do deserto.

A imagem já nos faz imaginar o que veremos a seguir dentro do filme.


O filme é simples e ao mesmo tempo emocionalmente extraordinário.

Seu tema é o fim, o questionamento sobre a morte ou sobre o medo dela através da lente do olhar e da mente de um idoso com mais de 90 anos.

O protagonista, embora apareça muito sozinho, nunca se sente solitário.

Ele curte cada minuto o prazer da independência e seu gosto pelas longas caminhadas sugere que ele adora viver num ritmo de quase “esquizofrenia branda”.

Lucky mora num local afastado do Arizona e é muito popular na região.

Em uma cena que não vou contar qual, ficamos sabendo a razão do seu apelido – lindo e tocante esse momento.

Com sua aparência externa singular, ele carrega pela vida um rótulo interno de um sujeito cético, teimoso, independente, espontâneo e confiável por causa disso e muito, mas muito irresistível.

Ele revela um gosto e um curioso interesse pelos assuntos da TV e demonstra dificuldade para se acertar com os profissionais de algumas profissões como médicos e advogados, como revelam algumas cenas interessantes do filme.

Ele transforma a monotonia da rotina diária numa boa sequência de momentos quase intermináveis de prazer.

Todos os dias ele aparece praticando a sua rotina -fazendo a barba, penteando o cabelo, fazendo exercícios físicos ao acordar, bebendo um copão de leite gelado, colocando seu chapéu estilo vaqueiro e indo à cidade.

Lá ele costuma frequentar uma espécie de cafeteria, onde adora fazer palavras cruzadas enquanto toma um café ou frequentar um bar conhecido para saborear doses de bloody mary (coquetel feito com vodca, suco de tomate, suco de limão, sal, molho inglês, tabasco e pimenta), um dos seus drinks preferidos.

Ele vive às turras com os amigos por tentar praticar um velho hábito que não combina com os novos tempos ( acender cigarros onde não é mais permitido).

Comunicativo, sempre atrai a presença de amigos para juntos jogarem um pouco de conversa fora e passarem a vida através de debates que ele adora provocar a partir do nada.

Um belo dia, sentado no bar, batendo papo com um velho amigo, Lucky recebe dele a triste notícia de seu cágado de estimação tinha fugido.

O cágado, símbolo da natureza, da rivalidade em termos cronológicos e da longevidade, tem o simpático apelido de Presidente Roosevelt (rs).

E representa nesse filme o papel que os animais tão bem fazem na redução do sentimento de solidão das pessoas.

O cágado aparece em uma outra cena para deixar impressa na tela uma mensagem metafórica sobre o valor da vida e da amizade.

-“Como pode um cágado com mais de 100 anos fugir?” 

Pergunta uma mulher que escuta a conversa.

Em casa, Lucky sente mal estar e cai.

Procura ajuda médica e recebe o surpreendente diagnóstico que ele não tem nenhuma doença séria.

Troca farpas com o médico quando este o diagnostica como um caso irreversível de velhice (rs).

O médico não faz nenhuma recomendação especial, nem mesmo o recomenda parar de fumar, visto que para ele esse mal hábito não lhe trouxe consequências sérias depois de 91 anos.

Lucky observa o médico falando e sente a ficha caindo lentamente : está ficando velho demais e prestes a morrer a qualquer momento, sendo a queda um pequeno aviso prévio da proximidade da morte.

Curioso e bem intelectualizado, Lucky processa tudo o que vê e ouve na vida e isso repercute em suas ações e atitudes diárias.

Lucky, apesar de muito velho, pode ser considerado um jovem aprendiz.

E faz parte desse aprendizado se questionar sobre o sentido, o significado da vida e também da morte.

Encarar a sua finitude é o grande desafio dele velho homem.

Diante da falta de alternativas perante a ideia da morte, ele não parece se destroçar psicológica e aparentemente e também não se apega a uma religião, como fazem muitas pessoas com o passar dos anos.

Um dos seus passatempos prediletos é ouvir o cricrilar dos grilos que ele guarda dentro de uma caixa ao lado da janela.

Ouvir os grilos antes de dormir é terapêutico para ele.

E meio que conformado, segue sua vida de ateu, tentando viver em paz consigo mesmo e viver bem dentro dele mesmo para extrair o melhor do lado de fora do mundo.

Cenas de humor cáustico, seco e às vezes negro, a história do filme é vagarosamente contada em ritmo de poesia.

Cinematograficamente, um filme bem feito, com tomadas e takes bem trabalhados.

Filmagens a partir de ângulos inesperados, com uma fotografia intimista e convidativa que combina e alterna tons de luz e sombra com maestria.

E numa tomada poética e lírica do filme, ele se vira para a câmera, quebra a quarta parede com a imagem que coloca água no cantinho de seus olhos frágeis e sorri para a ausência de outra alternativa para o seu destino.

O filme é uma bela homenagem à vida, a vida bem vivida e curtida a cada dia.

Muitos entendem que esse filme foi um presente que Stanton (o ator do cultuado e velho filme Paris Texas) ganhou do diretor e amigo de longa data – pois coincidentemente ele faleceu aos 91 anos de idade, poucos dias antes da estreia do filme.

Os figurinos representados por estilos e épocas diferentes sugerem a passagem do tempo na vida do protagonista.

É o clássico da vida ou da morte imitando a arte e vice-versa.


Para sua pré-avaliação, indico abaixo a nota que o Filme Lucky recebe nos principais sites de cinema do mundo :


  • 7,4 na opinião de quase 8.000 pessoas no site IMDB

  • 7,8 na opinião da crítica no site Rotten Tomatoes

  • 8,2 na opinião do público no site Rotten Tomatoes

  • 7,9 na opinião geral no site Metacritic

  • 8,5 em minha opinião pessoal

  • 8,0 na média das avaliações acima


Crédito das fotos – site IMDB


Veja o trailer desse filme muito bom :



Ouça “Volver” – uma das músicas da trilha sonora do filme, emoldurada dentro de um dos seus vários clips, onde ele a canta à capela ao lado de mariachis que surgem para acompanhá-lo.

É uma despedida em tanto, um apelo ao amor e ao perdão eterno.



 

Sobre Mauro Condé [ MaLuCo:) ] 3584 Articles
Nascido em Belo Horizonte, Mauro Lúcio Condé carrega uma bagagem profissional de muito prestígio. De simples operário, Condé chegou à diretoria da General Eletric e também passou por grandes empresas como EDS e GEVISA, mas consagrou de vez sua carreira no Citibank, do qual foi Diretor Executivo de Qualidade e depois como executivo do Banco Itaú e Telefônica. As mais de quatro décadas de experiências levaram Mauro Condé a abrir sua própria empresa de consultoria e ministrar palestras no Brasil e no mundo.
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